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Ivete Garcia é a vice que participa
Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
10/07/2005 | 09:32
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A vice-prefeita de Santo André, Ivete Garcia (PT), acumula série de primeiros lugares em uma carreira política que começa na década de 80 na Pastoral da Juventude. Entre os títulos mais destacados, ela foi a primeira mulher a presidir o Legislativo da cidade em 102 anos e por dez dias assumiu o cargo inédito de prefeita da cidade onde nasceu. A andreense Ivete tem uma trajetória que passa com destaque pelo movimento sindical, formação do PT, cargos no Executivo da cidade e, para o futuro, adianta apenas que vai concluir seu mestrado agora em agosto. Não fala sobre próximas candidaturas.

Ivete não é uma vice-prefeita à espera de uma oportunidade para assumir o cargo máximo do governo de Santo André. Ela participou do planejamento da campanha, do plano de governo e é a titular de uma das principais pastas da administração, a Secretaria de Orçamento e Planejamento Participativo. "Com minha trajetória, não poderia ser diferente", diz a vice.

O futuro político, Ivete joga nas mãos de um projeto coletivo que não pode ser definido agora. No entanto, descarta categoricamente uma candidatura no ano que vem. "Apóio o professor Luizinho e Vanderlei Siraque. Eles estão ajudando muito Santo André e devem continuar."

Ivete não comenta que em seu currículo falta apenas a de primeira mulher prefeita eleita de Santo André. Diz apenas que "não existe um projeto pessoal de Ivete Garcia". Neste campo, ela só planeja a entrega de sua dissertação de mestrado (cuja matrícula foi trancada durante a campanha). "Minha vida pessoal? Isso aqui é minha vida pessoal, não consigo separar", garante a vice-prefeita, acrescentando que sua família a acompanha na política.

  

Pastoral – Ivete tomou contato com a Pastoral da Juventude aos 14 anos. Daí, levou a militância para o trabalho e se sindicalizou, sendo por duas vezes diretora do Sindicato dos Químicos, avanço em uma época em que a categoria e o sindicato eram essencialmente masculinos.

Além dos caminhos que abriu para a participação das mulheres no meio sindical, político e administrativo público, Ivete lembra as conquistas efetivas das lutas que encabeçou em todos esses processos. Logo no início sindical, foi a briga contra o teste de gravidez que as mulheres se submetiam para serem admitidas nas empresas. "Uma humilhação", conta, acrescentando as reivindicações de igualdade salarial e de condições de trabalho. "A luta nunca foi só para participar, mas sim por trabalhar a questão da mulher."

  

Executivo – Antes de partir para a disputa eleitoral, Ivete saiu do movimento sindical convidada pelo ex-prefeito Celso Daniel, em sua primeira gestão em Santo André (1989/1992), para elaborar políticas públicas para as mulheres. "Foi uma mudança para as realizações. Saímos da reivindicação e passamos a ter recursos e profissionais para passar do político para o técnico", explica.

A maior realização desse período, lembra Ivete, foi a criação da Assessoria dos Direitos da Mulher, materializada na primeira Casa Abrigo, em 1990, voltada para atendimento de mulheres vítimas de violência. "Esse trabalho ainda é referência nacional", diz a petista.

Com a derrota do PT na sucessão de Celso Daniel, Ivete se voltou para a vida acadêmica e concluiu o curso de Sociologia. "Pensava que nunca iria conseguir", conta. Durante três anos, ela participou do Instituto Cajamar, espaço do PT para a formação das lideranças.

Nesse período, a líder feminista diz que viu grande parte das políticas criadas e até a Casa Abrigo serem desprezadas pelo governo que assumiu, com Newton Brandão (então no PTB) prefeito. "Ele (Brandão) fechou todos os serviços que havíamos implantado", lamenta.

  

Vereadora – O resultado dessa trajetória foi sua eleição em 1996, junto com a volta de Celso Daniel para a Prefeitura, como a terceira vereadora mais votada de Santo André. "O Legislativo é totalmente diferente. Não muda o enfoque, que é a política de gênero, mas o trabalho é voltado à elaboração de leis e à fiscalização do Executivo", afirma. Também foi a oportunidade, com o PT de volta ao governo, de retomar os serviços e políticas abandonadas pela administração anterior e reorganizar o movimento "para que futuros governos não ponham um fim nessas conquistas".

Como primeira mulher presidente da Câmara em Santo André, Ivete foi homenageada em 2004 pelo prefeito João Avamileno (PT), que se afastou do cargo no dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher) para que ela assumisse a Prefeitura e fosse também a primeira prefeita da cidade.




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