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Azulão vive o 16º aniversário sob o risco de queda para Série B
Anderson Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
04/12/2005 | 08:24
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O auge da adolescência está sendo traumatizante para o São Caetano. O jovem clube, que completa neste domingo 16 anos, pode receber um presente até então inimaginável: o rebaixamento à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. Uma tragédia que vai além da péssima campanha – o time é o 17º colocado, com 49 pontos. Alguns dizem que se trata de um inferno astral. Outros atribuem a temporada ruim à turbulência administrativa, ocorrida após a morte do zagueiro Serginho, em outubro do ano passado, por uma parada cardíaca em pleno  Morumbi, contra o São Paulo. Na visão do presidente Nairo Ferreira de Souza, que está à frente do clube há nove anos, “esse foi o pior ano da história”. “Já prevíamos essas dificuldades, mas não imaginávamos que seria tão ruim. Foi uma temporada de renovação do elenco e, infelizmente, as contratações não encaixaram”, afirmou.

Desde sua fundação, no dia 4 de dezembro de 1989, o Azulão não passava por tantas dificuldades, dentro e fora de campo. A trágica morte de Serginho não é relacionada pelos dirigentes com a campanha desse ano. Mas os fatos levam a um pensamento contrário. Quando o zagueiro caiu no gramado do Morumbi, ninguém imaginava o que viria a acontecer com o São Caetano, um clube jovem, simpático e que chamava a atenção dos rivais pela organização – estrutura, pagamento em dia, etc.

Em campo, o Azulão foi punido pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com a perda de 24 pontos e, com isso, não obteve a classificação para a Libertadores da América e a Copa Sul-Americana de 2005. Também não foi rebaixado. A Justiça ainda puniu o presidente Nairo Ferreira de Souza por 720 dias e o médico Paulo Forte por 1.440 dias, mas ambos seguem nos bastidores do clube.

A imagem do São Caetano ficou manchada. Com o presidente e o médico respondendo a processo criminal – são acusados de crime hediondo, com intenção de matar, e pena prevista de 12 a 30 anos de reclusão –, os investidores tiraram o pé e o ano foi iniciado com um desmanche. “Todo clube passa por uma reformulação. Não foi diferente com a gente”, explicou Nairo.

O lateral-direito Ânderson Lima e o zagueiro Dininho foram emprestados para o futebol japonês, os volantes Marcelo Mattos e Mineiro foram negociados com Corinthians e São Paulo, respectivamente, o meia Gilberto seguiu para a Alemanha, Fabrício Carvalho foi afastado com uma arritmia cardíaca e, por último, Marcinho acertou com o Palmeiras. Todos formaram o time campeão paulista de 2004.

Restaram poucos. O goleiro Sílvio Luiz e o zagueiro Thiago resistiram à crise e permaneceram, acreditando que o ano poderia render frutos. Decepcionaram-se. “A culpa da má campanha já foi colocada na morte do Serginho, na troca de técnicos (foram cinco no ano) e no número de jogadores no elenco (atualmente elevado, com 33 atletas). Sinceramente, não saberia explicar o motivo desse ano ter sido ruim”, diz Thiago.

Percurso – O Campeonato Paulista desse ano começou sob o comando de Zetti. O jovem técnico teve uma campanha irregular e, após a eliminação na Copa do Brasil para o modesto Treze-PB, foi demitido. Estevam Soares chegou ao Grande ABC e salvou a equipe na reta final do Estadual. A quinta colocação – atrás do Santo André (quarto) – garantiu o Azulão na Copa do Brasil de 2006.

A transição para o Campeonato Brasileiro foi rápida. Estevam permaneceu à frente do São Caetano e exigiu contratações. Mais de 15 reforços foram trazidos pela diretoria, entre eles os experientes atacantes Dimba e Edílson. O time cresceu no primeiro turno, chegou a ocupar a sexta colocação, mas um problema interno culminou com o pedido de dispensa de Estevam.

Levir Culpi desembarcou na região para uma passagem repentina – ficou pouco mais de um mês. Uma série de derrotas fez a diretoria agir novamente, ao demiti-lo e repatriar Jair Picerni, vice-campeão com o São Caetano na Copa João Havelange (2000), no Brasileiro (2001) e na Libertadores (2002). Um passado glorioso, mas insuficiente para alavancar a campanha da atual equipe. Uma lista de dispensa foi a gota d‘água. Os dirigentes preferiram “preservar o patrimônio do clube” e mais um técnico caiu no Anacleto Campanella.

Cuca assinou um contrato de cinco partidas. Seu objetivo: evitar o rebaixamento, já que o Azulão rondava a zona perigosa. O desafio será encerrado neste domingo, às 16h, no Mineirão, em Belo Horizonte, onde o São Caetano precisa de um ponto contra o Cruzeiro para não retroceder na história, amargando a Segunda Divisão. “O São Caetano não mereceria um presente como esse”, opinou Nairo, que completou com um recado. “Essa situação ruim vai passar. E, quando isso acontecer, vamos seguir com o projeto para montar novamente uma equipe vencedora, como sempre foi”.




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