``Acreditávamos que a crise econômica reduziria o turismo sexual pedófilo para a Asia. Mas na realidade a situaçao se agravou', disse Amihan Abueva, diretor da seçao filipina da organizaçao nao-governamental End Child Prostitution in Asian Tourism (ECPAT, Terminem com a Prostituiçao Infantil no Turismo Asiático).

Por causa da crise econômica, o preço que se paga pelas relaçoes sexuais com crianças baixou e cada vez mais menores se encontram marginalizados pela sociedade. A cada dia, mais pedófilos viajam para a Asia em busca de um programa, disse Abueva, que participa da conferência regional sobre o tema, organizada com o patrocínio da ONU.

Apesar de todos os esforços contra o turismo sexual, ``milhares de crianças sao exploradas a cada ano, sendo objetos de abusos sexuais nos pontos turísticos', denunciou por sua vez Christine Beddoe, diretora da seçao australiana da ECPAT.

Um informe das Naçoes Unidas que será publicado em meados de setembro diz que a exploraçao sexual das crianças registra um aumento significativo na Asia, segundo fontes ligadas à ONU.

A falta de cooperaçao entre as instâncias encarregadas de lutar contra a pedofilia é também um dos obstáculos na luta contra o turismo sexual.

``Nosso principal desafio é conseguir que os governos apliquem efetivamente as promessas maravilhosas que fizeram' em matéria de luta contra a pedofilia, disse Beddoe.

Em muitos casos, os pedófilos sao libertados imediatamente depois de detidos, lamentou a porta-voz da ECPAT, Muireenn O'Briain.

Mais de 20 países têm leis que permitem julgar seus cidadaos acusados de cometer abusos sexuais contra crianças no exterior, mas esses textos sao de difícil aplicaçao na prática.

Para poder julgar um pedófilo norte-americano, por exemplo, as autoridades têm que provar que a pessoa acusada viajou com o objetivo específico de cometer o crime.

A corrupçao é outro fator que impede o combate à pedofilia. As polícias cambojana e tailandesa sao sempre acusadas de aceitar suborno, em troca da libertaçao dos pedófilos.

Nos últimos cinco anos, 20 britânicos foram detidos na Tailândia por pedofilia, mas nenhum deles foi condenado.

Em novembro, um japonês detido com um menino de 12 anos em Pattaya, famoso balneário da Tailândia, voltou livremente a seu país após declarar a um jornal tailandês que havia pago 600.000 baht (cerca de US$ 15 mil) à polícia.

Este encontro regional, que reúne profissionais da indústria turística de 10 países asiáticos, tem como objetivo buscar meios mais eficazes para lutar contra a pedofilia.