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Remédios falsificados representam 10% do mercado
Da AFP
23/06/2004 | 15:46
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Autoridades de saúde americanas afirmam que um em cada dez medicamentos vendidos no mundo é falsificado. Comuns nos países pobres, a falsificação farmacêutica tende a se alastrar agora para os países desenvolvidos, principalmente através das vendas pela Internet.

Dados revelam que as falsificações representam 10% do mercado farmacêutico mundial e rendem US$32 bilhões ao ano para os traficantes.

Nos países pobres, a proporção dos remédios falsos chega a 25%. Nos países desenvolvidos, a falsificação alcança essencialmente os produtos caros (hormônios, corticóides), vendidos geralmente pela internet ou mediante infiltração nos circuitos de distribuição.

Fáceis de fabricar, os medicamentos tendem a seguir um circuito similar ao do tráfico de drogas.

"Não é muito diferente fazer comprimidos de remédios falsificados e comprimidos de ecstasy", disse o presidente do comitê contra a falsificação da Associação de Indústrias Farmacêuticas, Yves Juillet.

Nigéria, China e os países da antiga União Soviética são os principais mercados da indústria farmacêutica. Na Europa, a ampliação da União Européia traz novos riscos, segundo Juillet.

O circuito confiável de distribuição permitiu até o momento aos países da UE, ao contrário dos Estados Unidos, evitar o problema. Agora, existe o risco de que medicamentos falsificados na Rússia ou na Ucrânia entrem na UE através dos novos membros.

O problema é muito mais sério na África, no sudeste asiático e na América Latina, onde os xaropes para a tosse feitos a base de líquido anticongelante ou os remédios antimalária sem qualquer conteúdo medicinal matam por ano centenas de pessoas.

Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde),mostram que cerca de um milhão de mortes causadas anualmente pela malária, 200 mil poderiam ter sido evitadas se os remédios administrados fossem de boa qualidade. Uma grande proporção dos remédios antimalária vendida nos países em desenvolvimento não contêm na verdade nenhuma substância medicamentosa.

Confira abaixo as principais danos causados pela falsificação de remédios:

1990: na Nigéria morreram 109 crianças pela ingestão de um xarope falsificado de paracetamol. Na verdade, o xarope continha um líquido anticongelante para motores. No mesmo ano, na Argentina, o mesmo anticongelante, adicionado a um medicamento contra o resfriado, causou a morte de vinte pessoas em uma semana.

1992: em Bangladesh 233 crianças morreram após ingerirem um xarope de paracetamol que também continha o anticongelante.

1995: durante uma epidemia de meningite no Níger, morreram 2.500 pessoas às quais foram administradas falsas vacinas procedentes de uma doação da Nigéria, país que as considerava autênticas.

1995: 89 pessoas morreram no Haiti devido a um falso xarope contra a tosse que continha um produto anticongelante. Três anos depois, o mesmo falso xarope matou 30 bebês na Índia.

1999: pelo menos 30 mortos no Camboja por causa de medicamentos antimalária falsificados, que continham uma susbtância ativa menos eficaz que os autênticos.




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