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Depoimento envolve assessor de ex-ministro
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21/07/2006 | 00:04
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O empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, empresa ligada à máfia das ambulâncias, afirmou à Justiça que em julho de 2003 teria pago despesas de hospedagem de um assessor direto do então ministro da Saúde, Humberto Costa, e de mais seis pessoas ligadas a esse assessor, no valor de R$ 22 mil.

Vedoin afirmou ainda que, por intermédio do petista José Aírton Cirilo (integrante do Diretório Nacional do PT e fundador do partido no Ceará), teve contatos com o primeiro escalão dos governos do PT de Mato Grosso do Sul e Piauí. Os encontros teriam se destinado à discussão de projetos para compra de ambulâncias e unidades odontológicas, comercializadas pelo esquema. Vedoin diz que teria ido ao gabinete do governador do Piauí, Wellington Dias, durante a assinatura de projetos destinados a esse fim.

O depoimento de Vedoin traz ainda uma outra revelação: por intermédio de José Airton, o grupo teria tentado operar para ter acesso a dotações orçamentárias do próprio Ministério da Saúde, não originárias de emendas parlamentares, em valor superior a R$ 20 milhões. Até o momento, sabia-se que o esquema operava apenas com emendas ao orçamento apresentadas por parlamentares ou bancadas da Câmara.

Ainda conforme Vedoin, um intermediário de José Aírton informou que, para dar à Planam acesso àqueles recursos extras, a comissão seria maior, de 15% sobre o valor liberado. Em uma suposta negociação anterior, Vedoin teria pago 5% de propina a intermediários de José Aírton em troca da liberação de recursos para pagar 130 ambulâncias já entregues.

Segundo autoridades que acompanham o caso e tiveram acesso ao depoimento, o empresário não explica como sabe que as despesas de hospedagem de R$ 22 mil se referiam ao assessor de Costa ou os motivos pelos quais foram pagas, mas apresentou como comprovante um recibo emitido pela empresa Aeroway, uma operadora de turismo com sede em Fortaleza, no Ceará.

“Desconheço essa história, confio nos meus assessores diretos. Estive de fato com o José Aírton em quase todas as vezes que fui ao Ceará, porque ele é um representante do PT no Estado, mas nunca discuti liberações de recursos para ambulâncias com ele”, diz o ex-ministro. Os documentos e comprovantes apresentados por Vedoin em seu depoimento ainda precisam ser checados em investigações pela Polícia Federal e pela CPI dos Sanguessugas, que recebeu a documentação da Justiça na última semana.

Piauí – Pelo depoimento de Vedoin, os recursos extra-orçamentários seriam destinados pelo menos a três Estados: Ceará, Mato Grosso do Sul e Piauí. No caso do Mato Grosso do Sul, administrado por Zeca do PT, Luiz Antônio informa em seu depoimento que chegou a ter contatos com a secretaria de Saúde do Estado, mas as negociações não teriam prosperado. No caso do Piauí, Luiz Antônio informa que o crédito destinado à compra de ambulâncias chegaria a R$ 14 milhões e que à Planam, caberiam R$ 7 milhões dessa fatia. O restante seria destinado duas grandes montadoras de veículos. Ele diz ainda que o dinheiro foi empenhado e liberado neste ano, mas a Planam ficou de fora. Sua participação foi atalhada pela Polícia Federal, que prendeu o próprio Luiz Antônio Vedoin, seu pai Darci Vedoin e outros 48 envolvidos.                       



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