Sábado é o dia em que o movimento é maior na escola. Alguns dos interessados, que vêm do interior ou de outros estados, chegam em excursões com ônibus fretados, que estão inclusos no preço da matrícula. Eles são arrebanhados por escolas como o ITE, de Santo André, que se intitulam ‘cursos preparatórios’.
A reportagem do Diário entrevistou pleiteantes ao diploma – alguns viajaram até 700 quilômetros. A justificativa para a peregrinação é a mesma: não há em um outro local um método tão rápido e fácil para conseguir o certificado.
“Eu nunca tinha visto isso e ainda não entendi bem como funciona esse método. No Paraná é muito diferente. Tem supletivo e prova também, mas demora mais”, disse Aparecida de Jesus Garcia, 33 anos, que é funcionária da secretaria municipal de Educação de Astor. Aparecida já fez duas faculdades e foi acompanhar uma amiga na prova.
As amigas Luciane Coradini, 24 anos, e Gislaine Bernardes de Souza, 21, vieram de Londrina (PR) em uma excursão com outras 23 pessoas. Elas disseram ter total confiança no documento emitido pela escola, mas pouco conhecimento sobre a situação legal. “Ligamos para o MEC e nos disseram que o diploma era reconhecido”, afirmou a segunda, sem saber que o MEC não é responsável pela fiscalização ou regulamentação, atributo da Secretaria Estadual de Ensino.
A educadora Neide Cruz, 55 anos, assessora da secretária estadual de Educação, Rose Neubauer, e membro do Conselho Estadual de Educação, criticou a postura dos alunos na busca pelo diploma fácil. Segundo ela, a maior parte deles é “conivente” com o esquema. “Eles não são de todo ingênuos, preferem o jeito mais fácil de conseguir o certificado”, afirmou.
A administradora do colégio Borba Gato, Fátima Ali Khalil, 28 anos, negou que mantenha filiais ou convênios com escolas de outros locais, nem com o ITE, de Santo André. Ela disse que sequer faz propaganda. “Todo mundo que vem aqui é por indicação de outro aluno, é no boca-a-boca”, afirmou.
Ela também negou as denúncias de facilidades dadas aos alunos para fazer as provas. “Cola em toda escola tem, é difícil controlar, mas não somos coniventes com nada. Agora, essa história de professores ajudarem eu não sei”, afirmou.
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