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Moradores aguardam fim de urbanização do núcleo Espírito Santo

Obras começaram no ano passado e promessa
é que sejam acabadas até o fim do ano que vem

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
11/05/2015 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Depois de quase 30 anos, as 1.700 famílias que moram no núcleo Espírito Santo, no bairro Cidade São Jorge, em Santo André, voltaram a ter esperança de melhores condições de vida. A comunidade é dividida em duas áreas (152 mil m² no total), sendo que uma delas foi erguida sobre aterro sanitário desativado em 1987. Após inúmeras promessas não cumpridas ao longo dos anos, o processo de urbanização do espaço dá sinais de que será finalmente concluído.

A área de 88 mil m² correspondente ao núcleo Espírito Santo 1 começou a ser urbanizada no fim do ano passado. Desde então, 300 famílias foram removidas para conjuntos habitacionais e outras 600 convivem com obras de melhoria habitacional, esgotamento sanitário, pavimentação, contenção do solo, entre outros serviços executados pela construtora Ponto Forte Construções e Empreendimentos Ltda a custo de R$ 12 milhões, sendo R$ 7,6 milhões do governo federal via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e R$ 4,4 milhões de contrapartida.

A estimativa da administração é que os trabalhos sejam concluídos até o fim de 2016. O prazo causa expectativa nos moradores, caso do auxiliar de produção Wilson Cavalieri, 25. “Cheguei aqui com 12 anos e, desde então, aguardamos pelas melhorias prometidas. Ficando aqui ou saindo, o que importa é dar qualidade de vida para as crianças (os filhos de 6, 5 e 2 anos)”, diz.

Para quem permanece no núcleo, caso do pedreiro Valdevino Santos, 34, o momento é de investir no imóvel. “Estou aproveitando para ampliar minha casa, mas se não resolverem o problema do esgoto a céu aberto e dessas ruas esburacadas, de nada adianta”, considera o morador há 18 anos.

Já a área de 63 mil m² do núcleo Espírito Santo 2 será totalmente esvaziada, tendo em vista laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que aponta “alto grau de exposição a agentes contaminantes”. Após esse processo, o espaço receberá cercado e será contratada empresa para realizar a recuperação ambiental.

Por lá, destroços dão lugar às residências das 480 famílias que já foram removidas para o Conjunto Residencial Guaratinguetá, no Jardim Alzira Franco. Outras 330 aguardam remoção, prometida para acontecer até junho.

“A gente acaba realizando sonho de sair do aluguel (R$ 400 por mês) e ter casa própria em um lugar mais tranquilo e com infraestrutura depois de anos de luta. É uma pena que não é para todo mundo”, destaca o controlador de qualidade Francisco Dantas, 50, um dos beneficiados com moradia em conjunto habitacional.

A administração justifica que a maior dificuldade para a execução de obras de urbanização é o serviço de requalificação habitacional, que ocorre quando há a necessidade de remoção parcial da edificação para permitir a abertura do viário ou realização de contenção.

Lentidão deixa população em descrédito, diz especialista

A oscilação de propostas políticas com a troca de governos e a lentidão para que sejam executadas obras de urbanização, geralmente complexas, coloca a população de núcleos habitacionais em descrédito, explica a professora do curso de Engenharia Ambiental e Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Silvia Helena Passarelli.

“Já tivemos governos preocupados com a questão habitacional, outros não. E essa demora para que haja soluções coloca as famílias em posição de desconfiança. Quando retoma, começa do menos dez, não é nem do zero”, considera a especialista. Na visão de Silvia, o processo é lento também porque as prefeituras não têm mais capacidade de investimento e depende de recursos externos para financiar as melhorias, que custam caro.

“Não existe forma fácil de lidar com gente. Estamos falando de pessoas com vínculos sociais. Remover essas famílias é tirar a sua identidade. Sem falar de todo o investimento ao longo dos anos”, ressalta Silvia.




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