A deflagração pela Polícia Federal da 11ª fase da Operação Lava Jato, que desmantela gigantesco esquema de corrupção no seio da República, atinge em cheio representantes do Grande ABC no governo central. Investigação descobriu indícios de irregularidades em dois setores comandados por políticos que têm domicílio eleitoral na região. Estão sob a mira das autoridades a Caixa, presidida pela andreense Miriam Belchior, e o Ministério da Saúde, pelo qual responde o são-bernardense Arthur Chioro.

Como se já não bastasse a revelação do derrame gigantesco de dinheiro ocorrido na Petrobras, outrora empresa símbolo do orgulho produtivo nacional, o avanço das investigações demonstra que é maior do que se imaginava a extensão do assalto aos cofres públicos praticados pelo PT e partidos aliados. Ficou-se sabendo ontem que o banco estatal e a Pasta que cuida da Saúde utilizavam contratos de propaganda para desviar parte dos valores de seus orçamentos – abastecidos com o suado imposto pago pela população.

É evidente que, apenas com os fatos atualmente conhecidos, seria leviano jogar qualquer responsabilidade sobre as costas dos dois políticos do Grande ABC. Não há nada que vincule Miriam e Chioro às fraudes ora divulgadas. Mas não se pode evitar o desgaste da imagem de ambos com o envolvimento dos setores que comandam na maior operação anticorrupção da história do Brasil.

Trata-se de momento bastante triste e incômodo para a história das sete cidades. É constrangedor para o orgulho coletivo regional assistir a dois de seus representantes, que poderiam estar contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, sendo questionados diuturnamente sobre as denúncias de falcatruas que atingem diretamente o governo de Dilma Rousseff (PT) – que, afinal, é apadrinhada do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, morador de São Bernardo. A República do Grande ABC está em xeque. Infelizmente.