Quem reclama do tempo, o faz por não tê-lo vivido de acordo com o que pretendia. É aí que reside a diferença entre lamentar o passado e sentir saudade do que passou. A primeira forma é quase despeito com as vivências negligenciadas, enquanto que a segunda, um deleite para o coração de quem bem viveu a sua história.

É sobre o olhar bom do passado que fala A Idade da Ameixa, peça que será exibida sábado e domingo no Teatro Municipal de Santo André. Reminiscências das histórias de nove mulheres, vividas à sombra de uma ameixeira, compõem relatos de alegrias e tristezas compartilhadas.

Com texto do argentino Aristides Vargas e direção de Guilherme Leme, o espetáculo traz Ilvio Amaral e Maurício Canguçu interpretando todas as mulheres.
"Um amigo meu viu essa peça em Curitiba e me ligou em seguida, dizendo que tinha visto um texto que era bonito, sensível e engraçado, tudo ao mesmo tempo. Era o que eu estava procurando para montar", conta Canguçu.

No enredo, as irmãs Eleonora e Celina chegam à meia idade e trocam cartas sobre as histórias que viveram com a mãe, avó e tias na infância. "É um jogo de amor e desamor. Nove mulheres perdidas no tempo e espaço, abandonadas pelos homens da casa, vivem o drama do isolamento".

A árvore, que fornece ameixa para a avó produzir vinho, é a metáfora do tempo. As frutas apodrecidas representam a morte, enquanto as maduras contam sobre a flor da idade, que se deforma com o passar do tempo.

"É um texto sensível, com conversas e histórias delicadas, momentos engraçados. É importante pontuar a maneira como ele retrata a relação familiar e o tempo, figura que imprime, conforme avança, as nuances e as variáveis nos perfis dessas mulheres e no seu relacionamento".

Parte dos elementos cênicos, como cenário, luz e figurino, foi criada por integrantes do Grupo Corpo. "O Guilherme (Leme) quis uma equipe que tivesse linguagem diferenciada. Ele teve identificação à primeira lida com o texto e pensou na parte cênica da forma mais genuína e sensível", completa Canguçu.

A Idade da Ameixa - Teatro. No Teatro Municipal de Santo André - Praça 4º Centenário. Tel.: 4433-0789. Sáb., às 21h, e dom., às 19h. Ingr.: R$ 40 e R$ 30 (até 6ª).