Na véspera de mais uma reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve promover novo aumento da taxa básica de juros (Selic), o mercado aumentou as preocupações com a inflação e acendeu a luz de alerta para o próximo ano.

Na pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central entre instituições financeiras e empresas de consultoria, os analistas elevaram de 4,50% para 4,60% a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2009.

A estimativa ficou, pela primeira vez, acima do centro da meta de inflação, que é de 4,50%. A subida na expectativa de inflação reforçou a aposta de que o BC deve ser mais rigoroso no ciclo de aumento do juros iniciado no mês passado.

A aposta majoritária é que a Selic deve terminar 2008 em 13,75% ao ano - uma alta de dois pontos percentuais até dezembro.

Entre alguns operadores, a pesquisa Focus reforçou a aposta de alta do juro de 0,75 ponto na reunião do Copom, que começa hoje e termina amanhã. "Se o juro subir 0,75 ponto em junho, a expectativa para o final do ano pode subir ainda mais", diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. Outra corrente acredita que a Selic vai aumentar 0,50 ponto.

A subida das projeções afetou também o cenário atual. Para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2008, o mercado subiu a aposta de 5,24% para 5,48%, na décima elevação consecutiva.
A disparada do preço de alimentos e a demanda interna aquecida foram os principais motivos da escalada da inflação nos últimos meses.

"O mercado teme o efeito de uma inércia inflacionária maior", diz Campos Neto. Ele aponta como uma das principais fontes da inércia as tarifas públicas, e lembra que boa parte dos contratos mais importantes - como energia elétrica e telefonia - é reajustado pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado).

Para esse indicador, a pesquisa do BC mostra que a expectativa dos analistas subiu de 8,49% para 8,70%, na 12ª alta seguida.