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E faça-se a luz

O apresentador José Luiz Datena, sempre que fala da empresa que distribui energia elétrica na maior e mais

Carlos Brickmann
12/06/2011 | 00:00
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O apresentador José Luiz Datena, sempre que fala da empresa que distribui energia elétrica na maior e mais rica cidade do país - desde que não chova, não vente e não faça frio nem calor - faz a trilha sonora dos comentários com o que chama de Hino da AES-Eletropaulo: Lampião de Gás, com Inezita Barroso.

A região metropolitana de São Paulo produz quase 16% de todas as mercadorias e serviços do Brasil. E, por causa da chuva e do vento, vive ficando sem energia. Nesta semana, houve áreas que não tiveram luz de terça a sexta; houve quem tenha assistido à despedida de Ronaldo Fenômeno pelo celular, porque não era possível ligar a tevê. O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, disse que a AES-Eletropaulo não tem capacidade para agir em caso de emergência.
Alckmin conhece bem o problema. Foi ele, como coordenador das privatizações do Governo Covas, que conduziu a venda da Eletropaulo e permitiu que a americana AES, grande produtora de energia mas com pouca experiência em distribuição (só atuava como distribuidora num único lugar, em remota região do globo), assumisse o controle da estatal paulista. Ele sabe se os investimentos determinados estão sendo feitos; ele sabe se as metas de desempenho estipuladas em contrato são atingidas.

Ele sabe, principalmente, que botar a culpa na chuva e no vento é meio muito: o telefone também é transmitido por fios expostos a ventos, raios e chuvas e, se não é lá essas coisas, ao menos não cai a toda hora.

Já bastam as altas contas. Se a luz não vem, acendam-se as velas?

Pergunta maldosa

Qual a perspectiva que o caro leitor vê para este finzinho do Governo Dilma?

Pergunta pertinente

Desde o início do Governo petista, houve cinco chefes da Casa Civil: José Dirceu, Dilma Rousseff, Erenice Guerra, um interino e Antônio Palocci. Tirando Dilma e o interino, os outros três foram abatidos por denúncias. Talvez seja o caso de reexaminar o desenho do Governo: se, dos quatro ministros efetivos, três (75%) caíram sob acusações, não haverá alguma falha grave no conjunto de atribuições da Casa Civil? Excesso de poder, por exemplo; ou a exigência de que, como principais operadores do Governo, enfrentem problemas cuja solução demande algumas extravagâncias. Como ensinava o britânico lorde Acton, o poder absoluto não convive bem com posturas éticas.

Vantagens e desvantagens

A troca de posições entre a ministra da Pesca, Ideli Salvatti, e o ministro da Articulação, Luiz Sérgio, pode ser vista de várias maneiras.

A maldosa, de que não vai mudar nada, porque se trocou o zero pelo nada.

A bondosa, de que foi boa a transferência de Ideli para a Articulação porque ela deixa de atrapalhar a Pesca.

E a realista, de que Luiz Sérgio foi para o cargo adequado - o Ministério não existe, logo é o ideal para ele - e que Ideli, áspera no trato ao ponto da grosseria, tem tanta chance de dar certo como articuladora quanto este colunista de se transformar no centroavante que falta para a Seleção brasileira.

Questão de exemplo

O caso Palocci salvou um sacoleiro processado por descaminho (ou, em palavras mais precisas, um muambeiro). Em audiência na 7ª Vara Federal de São Paulo, no dia 7, o importador desburocratizado se disse injustiçado: "Pois o Palocci fez bem pior e teve suas consultorias arquivadas pelo procurador-geral da República". O promotor, diz a ótima revista virtual Consultor Jurídico, que vinha acusando duramente o contrabandista por entrar ilegalmente no país com algo como R$ 12 mil de mercadorias, pediu a absolvição. E o juiz o absolveu.

Em nome do Pai

De uma petista paranaense, no Twitter, saudando a nomeação de Gleisi Hoffman para a Casa Civil: "Deus não escolhe os capacitados e sim capacita os escolhidos".

Esta frase, que põe em dúvida a capacidade da ministra, é a favor!

O crime compensa

Um rapaz, Irlan Santiago, se apresentou à Polícia como assaltante, cúmplice de outro, cujo nome não quis citar, que teria assassinado um estudante da USP, Felipe de Paiva, 24 anos, há poucos dias. Foi indiciado por latrocínio, assalto seguido de morte.

Como é réu primário e se apresentou espontaneamente,

Absurdo 1 - foi solto depois de contar que era assaltante e havia participado de um assassínio. E ainda saiu da delegacia dando risada. Se é assaltante a mão armada, confesso, por que soltá-lo? Para ameaçar outras pessoas?

Absurdo 2 - deixaram-no sair livre sem dizer quem era o cúmplice que, segundo ele, teria atirado no estudante;

Absurdo 3 - pôs a culpa na vítima. "Foi morto porque reagiu. Se ficasse na dele, tranquilo, sem reagir, ele não teria tomado bala".

Absurdo 4 - seu advogado, Jefferson Badan, diz que bandido é profissão. "Em todas as profissões tem ética", pontifica. A ética do bandido é não delatar.

Para análise

Toda vez que nossos homens públicos começam a explicar-se, o Brasil fica mais inexplicável.




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