Economia Titulo Impacto pequeno
Selic afeta pouco
juros e consumo

Taxa, que está sendo reduzida desde agosto, afeta pouco juro
bancário e ainda não é o suficiente para estimular o consumo

Por Erica Martin
16/06/2012 | 06:51
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A taxa básica de juros, a Selic, que está sendo reduzida pelo Banco Central desde agosto do ano passado, afeta pouco os juros bancários e ainda não é suficiente para estimular o consumo com austeridade.

A taxa, que chegou a 8,5%, o menor patamar da história, é referencial para os juros em todo o País. "Qualquer medida econômica tem ajuste natural até causar efeitos práticos", explicou o professor de Economia da Universidade Metodista Sandro Maskio. De acordo com o último boletim Focus divulgado pelo Banco Central, a expectativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) - soma de todas as riquezas produzidas no País - cresça 2,53% neste ano, anteriormente a projeção do BC era de 3,2%.

Além disso, os juros cobrados pelos bancos permaneceram praticamente inalterados. Pesquisa da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostra que os juros do cartão de crédito (10,69% ao mês) são os mesmos desde janeiro de 2010. No entanto, o professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, no Rio de Janeiro, Rodrigo Zeidan, explica que a taxa Selic é apenas um dos componentes de impacto na economia. "O BC pode reduzir ao máximo a Selic que os juros bancários vão continuar sendo os mais altos em relação ao resto do mundo."

Para efeito de comparação, nos Estados Unidos a taxa de juro é de 0,5% ao ano. "As pessoas não consomem só por conta dos juros, mas também por conta de outros fatores como nível de renda e emprego", falou Zeidan.

MOTIVOS - Para Makio, a inadimplência e o endividamento do consumidor é o que ainda emperram o acesso ao crédito mais barato. De acordo com a Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), no mês de maio 53,2% das famílias possuíam algum tipo de dívida, alta de 2,6 pontos percentuais em relação aos 50,6% registrados em abril.

"O risco de emprestar o dinheiro é alto e o custo é inserido nos juros que serão cobrados e por isso a ponta do mercado não sente o impacto", conta Maskio.

Já para a economista da Fecomercio Fernanda Della Rosa, o dilema dos juros bancários está na falta de limites. "Bancos e operadoras têm liberdade para definir as taxas, eles cobram o que querem."

Fernanda diz que o nível de endividamento está mais controlado e, portanto, não é o principal incentivador da manutenção de taxas elevadas. "Até porque o consumidor está mais controlado."

Por outro lado, ela lembra que outros incentivos econômicos contribuíram para elevação do endividamento das famílias, como por exemplo, a manutenção da isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)- para eletrodomésticos - que estava prevista para vigorar até março e a isenção ou redução de IPI para móveis. "Essas medidas estão surtindo efeito e o momento é favorável. O que não está casando com o cenário são as taxas de juros ainda elevadas." Mas, para Fernanda, com o distanciamento dos fatores que estimularam as dívidas é esperado que o número de famílias endividadas caia nos próximos meses.

Fernanda lembra que as vendas no comércio estão registrando avanço médio entre 3% e 4% em datas como o Dia dos Namorados - o que deve continuar ao longo do ano. "Cresce, mas não é um grande resultado", comentou.

 

 




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