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José Dilson levará caso Aidan à estadual do PDT
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
16/10/2004 | 13:41
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O vereador eleito Aidan Antonio Ravin (PDT), o campeão de votos para a Câmara de Santo André, corre o risco de ser enquadrado pela comissão de ética do partido antes mesmo de ser diplomado. As eleições deste ano foram as primeiras disputadas por Aidan, que saiu das urnas com mais de 10 mil votos. Apesar do expressivo resultado, ele pode ser punido por “desobediência partidária”, depois de contrariar a decisão do diretório municipal de apoiar João Avamileno no segundo turno – ele optou por se juntar à Frente Andreense de Newton Brandão (PSDB). Um relatório sobre o caso será protocolado na executiva estadual do PDT na semana que vem, e um parecer sobre o “desvio de conduta” deverá sair antes mesmo do pleito de 31 de outubro.

O dossiê será apresentado pelo presidente municipal do PDT, José Dilson, candidato derrotado para a Prefeitura, que puxou o cordão de apoio ao petista. “Nós, do diretório municipal, não podemos decidir nada. Quem decide é a executiva estadual, se encaminhará ou não o caso à comissão de ética”, explicou Dilson.

Na última quarta-feira, Aidan garantiu em entrevista ao Diário que seguiria as orientações do partido para as alianças no segundo turno. Nesta quinta, de última hora, o recém-eleito mudou de lado e anunciou que vai atuar como cabo eleitoral de Newton Brandão (PSDB). A notícia surpreendeu Dilson e o prefeito Avamileno, que já contavam com o reforço.

Dilson voltou nesta sexta a criticar a postura do colega de partido e classificou como “lamentável” a decisão de Aidan, que, segundo ele, fere a credibilidade do PDT. “Figuras importantes são eleitas pelo partido e agora viram as costas para a legenda, tomando atitudes independentes”, criticou.

Para não incendiar ainda mais a polêmica, em tom mais ameno, Dilson afirmou acreditar que uma “conversa” com Aidan pode resolver a questão. “Pode não ser um caso de expulsão ou advertência. Política se faz com inteligência”, opinou o presidente pedetista, acreditando que as palavras da estadual podem “converter” o futuro vereador. “Ele provavelmente teve suas razões (para apoiar Brandão)”, completou.

Ao comentar o apoio roubado de seu adversário, Brandão disse que Aidan já foi convidado para compor sua administração e “ocupar um cargo do mais alto nível que quiser.” O vereador reeleito pelo PDT, Carlos Ferreira, também pulou a cerca das determinações do diretório de Santo André e confirmou a aliança com o tucano.

Agora, a estadual terá de avaliar o cenário de Santo André e cuidar para que a crise não se agrave. De um lado, José Dilson, que é deputado estadual e uma das figuras mais importantes do partido em São Paulo. Do outro, o vereador mais votado da cidade, cuja saída do PDT poderia enfraquecer a legenda no município. “A votação de Aidan deverá pesar na decisão, sem dúvida. Mas nossa legenda pode também tentar atrair outros vereadores, caso ele e Ferreira saiam do grupo”, avaliou Dilson.

Mesmo que medidas extremas sejam tomadas e Aidan acabe expulso do PDT, ele não perde as condições de assumir o cargo na Câmara. A afirmação é do advogado especialista em questões eleitorais, Alberto Rollo. “A partir do momento em que qualquer candidato recebe o primeiro voto, nenhuma decisão partidária pode comprometer o mandato”, garantiu.

A reportagem do Diário telefonou para Aidan inúmeras vezes durante a tarde e início da noite desta sexta, mas não conseguiu contato com o vereador eleito.




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