Vereador precisa de dez assinaturas para iniciar investigação sobre corrupção no governo Morando
Vereador e pré-candidato a prefeito de São Bernardo, Rafael Demarchi (PSL) busca apoio para abrir na Câmara investigação sobre o atual chefe do Executivo, Orlando Morando (PSDB), denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por fraude nos contratos para fornecimento de alimentos a escolas e rede de saúde municipal. Para ser protocolada, a CPI da Merenda precisa de, ao menos, dez assinaturas.
“Fiquei impressionado com a quantidade de acusações feitas pelo Ministério Público Federal ao prefeito. São cinco suspeitas de crimes gravíssimos e a Câmara não pode se omitir”, diz Demarchi, citando reportagem do Diário que revelou as denúncias contra Morando na Operação Prato Feito, da Polícia Federal.
Junto com outras 12 pessoas, incluindo o secretário Geraldo Reple Sobrinho (Saúde), o tucano é acusado pela procuradora regional da República Elizabeth Mitiko Kobayashi por peculato (desvio de recursos públicos), crime contra a administração, corrupção, fraude de licitação e organização criminosa – Morando nega todos eles.
A ideia de Demarchi é começar as apurações solicitando os contratos emergenciais assinados por Morando com as empresas Nutrivida Alimentação e Serviços e Pró-Saúde Alimentação Saudável. Investigações da PF apontaram que as duas companhias pertencem ao empresário Fábio Mathias Favaretto, genro do advogado Carlos Maciel, que, à época, era homem forte do prefeito, então secretário de Assuntos Governamentais e presidente da FUABC (Fundação do ABC).
“Relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) deixou claro que não havia necessidade de se recorrer à contratação emergencial”, lembra Demarchi. Parecer do órgão viu com suspeição os negócios entre Prefeitura de São Bernardo e as empresas de Favaretto, apontando “falta de planejamento”, “desídia (desleixo) administrativa” e “má gestão dos recursos públicos”.
Principal voz de oposição na Câmara, o vereador do PSL prevê entraves para a investigação prosseguir. Demarchi insinua, inclusive, a existência de acordo tácito entre governo e antigos adversários políticos, como o PT e o deputado federal Alex Manente (Cidadania), para preservar a imagem de Morando.
“Como você me explica o silêncio ensurdecedor do PT e do grupo do Alex? Por muito menos, no passado, os dois forraram a cidade com a reprodução de denúncias que saiam nos jornais. Agora, as acusações são muito mais graves – incluindo roubo de dinheiro destinado a comprar merenda para crianças – e está todo mundo quieto. Acho muito suspeito”, compara.
Apesar disso, o vereador do PSL pretende procurar as bancadas do PT e do Cidadania, que, juntas, contam com seis nomes, para emplacar a CPI. “Na verdade, todos deveriam assinar, inclusive os da situação. Porque, como bem disse outro dia o governador (João) Doria, ao ser questionado sobre as denúncias contra o prefeito Orlando, quem não deve, não teme”, cita Demarchi.
Um dos mais ferrenhos adversários de Morando, Alex se aproximou do prefeito nos últimos tempos e comentários de bastidores dão conta de que vai abrir mão da candidatura ao Executivo no pleito de novembro para apoiar a reeleição do tucano. O PT mantém a pré-candidatura de Luiz Marinho, que já governou o município por dois mandatos, de 2009 a 2016.
Regimento da Câmara de São Bernardo diz que, para ser analisado em plenário, requerimento de CPI precisa do apoio de um terço dos 28 vereadores, ou seja, dez. Para furar a fila de propostas e ser apreciada de imediato são necessárias 15 rubricas.
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