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Covid-19 abala setor automotivo do Brasil

Balanço pós-medidas contra coronavírus mostra que produção e vendas despencaram em março

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
07/04/2020 | 00:07
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André Henriques/DGABC


A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus começa a impactar na indústria automotiva. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a paralisação gradativa do comércio e das fábricas na segunda quinzena de março resultou em queda de cerca de 90% nas atividades do setor (leia mais abaixo). Como polo automotivo, o Grande ABC é diretamente prejudicado e já registra paralisação nas cinco fábricas.

De acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, o mais preocupante é que a associação verificou que as vendas despencaram quase 90% das primeiras semanas de março para as duas últimas, o que projeta resultado altamente preocupante para abril. “O momento é de priorizar a saúde da população, e todas as nossas associadas estão dando sua contribuição no combate ao coronavírus, seja reparando respiradores, seja produzindo e doando máscaras, ou mesmo cedendo suas frotas para as mais diversas finalidades. Mas também é hora de uma conscientização de todas as esferas do governo, bancos e sociedade para criar mecanismos que permitam à cadeia automotiva atravessar este período de retração com a preservação das empresas e dos empregos”, disse.

A estimativa é a de que a situação atual afete pelo menos 20% de toda a produção de veículos para este ano, de acordo com o coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas) Antonio Jorge Martins. Segundo ele, a certeza é que a crise vai afetar todas as empresas do setor, “umas mais, outras menos, dependendo do nível de ociosidade da empresa”.

“Outra questão que vai nortear isso é o fato de algumas dessas empresas terem maior chance de retomar a exportação, o que deve minimizar a situação, que é muito difícil, já que a crise é mundial”, afirmou o especialista. “Estamos falando de aproximadamente dois meses ou mais de retração total de produção das empresas,. Em um período de 12 meses, isso significa pelo menos 20%”, afirmou.

Para o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia Ricardo Balistiero, a situação é extremamente grave. “O cenário que está se desenhando, especialmente para o Grande ABC, é muito difícil. As indústrias vão precisar ter muita criatividade e também apoio do governo federal, que lamentavelmente ainda é muito lento e confuso. Isso tem um impacto direto no ânimo do empresário, principalmente para as perspectivas de investimentos futuros. Se a gente junta a crise política atual no País, isso prejudica qualquer retomada. Já vislumbro queda do PIB (Produto Interno Bruto) para toda a região e aumento do desemprego em todos os setores”, analisou.

Na região, as cinco montadoras estão com a produção paralisada. Questionadas, as empresas afirmaram que não há novidades sobre o assunto e não falaram sobre projeções de produção.

Na última semana, a GM (General Motors), de São Caetano, anunciou que vai adotar a MP (Medida Provisória) 936, que autoriza redução de salários e jornada de trabalho. A Mercedes-Benz, em São Bernardo, também anunciou que vai prorrogar as férias coletivas – mecanismo também utilizado pelas demais empresas. 




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