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MP pede investigação de vice-ministro paraguaio
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
09/10/2004 | 11:32
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O Ministério Público do Paraguai pode indiciar o vice-ministro do Interior, Estáquio Colman Ramirez, como cúmplice do seqüestro dos irmãos Guillermo e Arturo Rojas Boehler. Há oito meses, os garotos foram levados de São Bernardo pelo pai, Eri Daniel Rojas Villalba, e a polícia paraguaia garante não saber o paradeiro dos três.

A advogada Clara Gagliardone, que representa a mãe dos meninos, Genilma Boehler, formalizou quinta-feira o pedido para que Colman seja investigado. A acusação é baseada no rastreamento das chamadas feitas pelo celular de Rojas, que revelou inúmeras ligações para o vice-ministro. Ele garantia não manter nenhum contato com o foragido. Em setembro, o Diário publicou a lista que comprova as conversas entre os dois e mostra que Rojas chegou a telefonar no celular de Colman, que tem sob sua responsabilidade a Polícia Nacional do Paraguai.

"Está mais do que provado que a polícia não está cumprindo o seu papel. Estão fazendo vistas grossas, e um seqüestrador está sendo encoberto por um membro do alto escalão do governo", defendeu a advogada. Desde junho, quando a própria Justiça paraguaia determinou a busca e apreensão de Arturo e Guillermo, a polícia não avançou na investigação. Há fortes indícios de que os irmãos de Rojas, Marildo e Lucio Rojas Villalba, estão ocultando o paradeiro do o irmão e contaminando a ação, já que são policiais influentes em Assunção, capital do país.

O vice-ministro Colman chegou a declarar ao Diário que o seqüestro dos irmãos pelo próprio pai não passava de "uma briga de marido e mulher", mas que, mesmo assim, a polícia estava empenhada em cumprir a ordem da Justiça. A Embaixada do Brasil em Assunção durante todos esses meses evitou o embate mais contundente com o governo paraguaio, para evitar que o caso ganhasse projeção de crise diplomática. Nesta sexta, pela primeira vez, o governo brasileiro sinalizou apoio a Genilma.

A pastora e o deputado estadual do Rio Grande do Sul, Fabiano Pereira, além de representantes de grupos de defesa dos direitos humanos, foram recebidos pelo Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em Brasília. Segundo Genilma, Amorim se comprometeu a intervir no caso e a conversar pessoalmente com a ministra paraguaia Leila Rachid, que está no Brasil para participar de um encontro sobre o Mercosul, na cidade do Rio de Janeiro.

"Estou mais esperançosa. Parece que estamos chegando mais perto. Mas ainda não estou feliz. Só direi que estou feliz quando meus filhos estiverem perto de mim", desabafou Genilma, logo depois da audiência com o ministro. Desde o dia 4 de fevereiro, ela não teve nenhum contato com Guillermo e Arturo.




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