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Márcio Garcia faz qualquer papel
Rodrigo Teixeira
Da TV Press
17/04/2004 | 17:59
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Assim que soube que interpretaria o vilãozinho Marcos em Celebridade, Márcio Garcia vestiu uma sunga e foi para a praia. O ator tinha certeza que encontraria à beira-mar os tipos certos para inspirar o controverso personagem de Gilberto Braga. Aficionado por futevôlei e freqüentador da Praia de São Conrado, o ator carioca garante que já conheceu ratos de praia que transitavam pelo mesmo universo do michê da novela das nove. “O Rio está cheio de malandros como o Marcos”, acredita. Márcio Garcia ficou preocupado com o perfil canalha do personagem, pois tinha apresentado o programa infantil Gente Inocente por dois anos e meio e não sabia qual seria a reação do público acostumado a vê-lo como uma espécie de irmão mais velho da turma. “Tinha medo do impacto que iria causar”, lembra.

Contratado da Globo há 10 anos, ele admite que o personagem de Celebridade é o mais importante de sua carreira dramatúrgica, que começou em 1994, em Tropicaliente. Mais do que isso, viver o capacho de Laura, de Cláudia Abreu, mostrou para o próprio ator que ele era capaz de convencer em outros papéis, diferente dos galãzinhos que já tinha feito. “O Marcos me provou que não sou mais um bananinha como ator. Hoje me sinto apto a encarar qualquer personagem”.

Dono de um corpanzil de 1,90 m de altura e um sotaque carregado nos esses e xis, Márcio atualmente se distancia da vida de empresário para se dedicar mais à dramaturgia. O ator já montou várias empresas desde os 15 anos, comprou o primeiro carro aos 18 e aos 24 anos já morava em sua mansão na Joatinga, Zona Sul do Rio. “Só com o salário de ator nunca compraria esta casa”, ressalta. Casado com a modelo Andréa Santa Rosa há quatro anos, Márcio vira um pai coruja com o filho Pedro, de 9 meses, no colo. “Não crio mais expectativas desde que meu filho nasceu. Prefiro viver o presente”, acredita.

TV PRESS – Você ficou nervoso por viver um personagem controverso como o Marcos após apresentar um programa infantil?

MÁRCIO GARCIA – Meu medo era o impacto que poderia causar no espectador. Me preocupei porque o público ainda se impressiona com as figuras da TV. Mas acho ótimo quando o espectador acredita no que você faz. É claro que uma parcela do público deve ter estranhado me ver no papel de vilão na novela, mas acho que não foi nada traumático.

TV PRESS – Você acredita que o Gilberto Braga aproveitou a sua imagem de apresentador infantil para causar impacto com o seu papel de vilão?

GARCIA – Talvez. Mas acho que o público percebeu a brincadeira, porque escuto coisas absurdas nas ruas. Uma senhora de 70 anos me pediu para chamar ela de “cachorra”. É engraçado. Acho que com o Gente Inocente o público conheceu um pouco mais da minha personalidade e agora consegue discernir meu trabalho como ator em Celebridade.

TV PRESS – As cenas quentes entre a Laura e o Marcos foram amenizadas. Antes era mais divertido de fazê-las?

GARCIA – Pessoalmente sim e acho que para o público adulto também. Mas a mudança aconteceu por causa de uma questão de conduta da emissora. A crítica começou a reclamar e as pessoas não dormem tão cedo como a gente imagina também. Antes era mais divertido sim, até porque entre quatro paredes vale tudo e não cabe a ninguém julgar.

TV PRESS – Neste caso, o Marcos é distante de você?

GARCIA – O mais perto do Marcos que fiz foi o Arnaldinho de Andando nas Nuvens. Era um filhinho de papai, um pilantrinha. Mas perto do Marcos era um bom garoto. Nunca tinha feito um “cafa” como o Marcos.

TV PRESS – Você e a Cláudia Abreu planejam as cenas antes de gravá-las?

GARCIA – Sim. Uma tática é a de encavalar as falas. Tipo um ficar enchendo o saco do outro para dar espontaneidade. Mas sempre improvisamos. Em uma cena tirei o cinto e fiquei olhando para ela com ele na mão. A Cacau foi dizendo o texto e passei o cinto no pescoço dela. Nada estava combinado e saiu naturalmente. É bacana porque causa uma reação espontânea. Mas tem ator que não aceitaria. Se você não der a deixa certa, não sai a cena ou a pessoa pega mal, o que é muito chato.

TV PRESS – É verdade que você não aceita aparecer nu nas cenas de sexo da novela?

GARCIA – É que sou tímido para estas coisas. Não me sinto à vontade. Se fosse um trabalho que exigisse isso... Mas não é o caso. Houve uma cena do Marcelo Faria com um nu lateral e acho que para o horário não é bacana. Se fosse uma minissérie, tudo bem. Mas não me negaria terminantemente se houvesse necessidade. Às vezes o Dennis (Carvalho, diretor) me aluga antes da gravação: “Tira a roupa! Libera esta mixaria!”. E respondo: “Bundinha que Mamãe passou talquinho ninguém bota a mão”.

TV PRESS – Mas o Dennis já pediu para você tirar a roupa, então?

GARCIA – É mais para implicar comigo. Porque já tinha conversado com ele no início da novela que não iria fazer.

TV PRESS – Você acredita que os vilões devem ser punidos no final da novela?

GARCIA – O Marcos não. Ele merecia um final mais ameno, porque não é mau. Ele é amoral. O Marcos é um soldado da Laura e merecia um finalzinho mais suave. O Gilberto tem cartas na manga, como ele fez com o pilantra vivido pelo Reginaldo Faria em Vale Tudo. O personagem deu uma “banana” para todo mundo no final. O Marcos merece um final meio assim, pois ele não é um Renato Mendes.




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