Pela primeira vez desde o início da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da operação na primeira instância, ficarão frente a frente. O petista vai prestar depoimento, às 14h, em Curitiba, a respeito da investigação sobre o triplex do Guarujá.

Delatores da Operação Lava Jato já afirmaram que os imóveis pertencem ao ex-presidente e foram reformados com recursos desviados da Petrobras. A defesa do ex-chefe da Nação assegura que não é dono da propriedade.

O clima é de apreensão na Capital paranaense. Ônibus de militantes petistas foram para Curitiba para acompanhar in loco o depoimento do maior cacique do partido. A polícia local montou verdadeiro esquema de guerra para garantir a ordem na cidade. Haverá interdição num raio de ao menos 2,5 quilômetros da sede da Justiça federal paranaense. Somente pessoas previamente cadastradas poderão chegar próximos ao prédio.

Uma caravana do Grande ABC foi até Curitiba. Deputados, senadores e até a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também se encaminharam para o município. Os partidários de Lula dizem que o movimento é para prestar solidariedade e que não haverá desordem.

Nos últimos dias, a defesa de Lula tentou adiar o julgamento ou conseguir autorização judicial para gravar o depoimento do petista. Todos os pedidos foram negados.

Moro, por sua vez, publicou vídeo nas redes sociais solicitando que adeptos da Lava Jato evitem ir para as ruas e protestar contra Lula. “O interrogatório é uma oportunidade que o senhor ex-presidente vai ter para se defender, é um ato normal do processo. Nada de diferente ou anormal vai acontecer nessa data, apenas esse interrogatório.”

O MPF (Ministério Público Federal) acusa Lula de ser o proprietário de um triplex no Guarujá, apartamento presenteado pela OAS. A empreiteira, segundo procuradores, teria dado o imóvel ao petista após conseguir contratos na Petrobras.

Lula detinha uma cota de apartamento no edifício Solaris, no Guarujá, quando o prédio estava em nome da Bancoop, cooperativa criada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo. Segundo a defesa do ex-presidente, houve desistência do negócio quando a OAS assumiu a obra. Apesar disso, há imagens da ex-primeira-dama Marisa Letícia visitando o triplex – ela morreu em fevereiro.

SÍTIO DE ATIBAIA
A OAS também é investigada por supostamente reformar um sítio frequentado pela família de Lula, em Atibaia. O local pertence ao empresário Fernando Bittar, mas o MPF argumenta que Lula é o real proprietário da área e que a OAS teria executado melhorias como retribuição por acordos com a Petrobras. O petista também nega ser dono do sítio.