Dois controladores de vôo, que estavam de plantão no dia do acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que resultou na morte de 154 pessoas, falaram pela primeira vez sobre a tragédia, em entrevista à Revista Época. Os controladores confirmam a existência de ‘pontos cegos’ no espaço aéreo brasileiro e relatam que a torre perdeu contato com o Boeing, por alguns minutos, quando a aeronave passava pela zona de comunicação falha.

Os operadores, que não quiseram ser identificados, também disseram que tentaram estabelecer contato com o Legacy por diversas vezes, mas como o transponder do avião estava inoperante eles tiveram que confiar somente no radar. O equipamento mostrava que o Legacy estava a 36 mil pés, seguindo o plano de vôo e, não a 37 mil pés, na rota de colisão com o Boeing.

Segundo os entrevistados, na época de chuva a comunicação no espaço aéreo fica muita prejudicada. Inclusive na área do acidente, no Mato Grosso do Sul, há três freqüências, mas todas apresentam deficiência. No dia do acidente, a área estava sem transmissão e recepção.

Em relação aos atrasos que vêm ocorrendo nos principais aeroportos do país, os controladores afirmam que o problema não é a falta de funcionários e sim, falhas na freqüência de comunicação. Segundo eles, um setor inteiro chegou a ficar interditado por um dia, devido a falta de freqüência.