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Sonoridade mais suja
Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/06/2010 | 07:02
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Há dois anos, quando lançava Vol. 1, sua estreia em carreira solo, a cantora paulistana Andreia Dias tinha material para mais dois discos. Diante das inúmeras canções, não tentou condensar tudo em um único álbum. Tampouco abriu mão de nada: decidiu dividir os primeiros atos da carreira em uma trilogia. A segunda parte, intitulada simplesmente Vol. 2, sai agora, com show de lançamento na choperia do Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93. Tel.: 3871-7700) na quinta-feira, às 21h.

Produzido por Ricardo Prado, o disco foi gravado no ano passado. Andreia, que despontou em bandas como DonaZica, Glória e em participações no grupo Farofa Carioca e em shows de Arnaldo Antunes, queria um disco mais ‘sujo' em termos de sonoridade. Conseguiu. "O Ricardo é bem da praia do eletrônico. Quis chamá-lo justamente por isso. É mais denso, mais rock'n'roll. Com certeza o Vol.1 foi mais limpo", diz Andreia. Composto totalmente por ela, o disco tem participações de Arrigo Barnabé e Zeca Baleiro.

Faixa de abertura, Noites dá a exata dimensão da salada sonora que Prado proporcionou. Trombone, trompete, flauta e sons de acordeom (posteriormente invertido em estúdio) se unem numa levada que acaba em tom latino.

A irreverência, notada principalmente em trabalhos com o DonaZica, continua sendo uma grande marca das letras da cantora. O amor e relacionamentos em suas mais diversas fases forneceram bastante material para o segundo trabalho.

"É o que eu estava vivendo no momento. Não foi racional. Sou muito intensa, em tudo o que eu vivo. Amor, amizade, família... No fundo, é tudo amor", acredita ela. "Mas não foi uma necessidade de falar de amor de forma diferente", explica. O tema é abordado em Noites, Nós Dois, Joia Rara, Espelho da Alma e Pomba Gira. Apesar de a maioria expor as agruras de se apaixonar, o tom não deixa o humor despencar na maioria das vezes.

Mas também fala da dualidade de sentimentos (o negativo em Erva Daninha e o positivo em Astro Rei, que a compositora identifica como sendo autoajuda) até sobre seu papel social em Os Porcos Estão no Poder.

Em Mulher, resolveu levar às últimas consequências a pecha negativa que o sexo feminino teve por toda a história. "Sou mulher, sou o mal/Que o diabo apostou/ Jezebel, visceral/ A mando de Belzebu", diz a letra. "Sofri com o machismo da minha família, que é evangélica. Fui muito reprimida", relembra ela.

Apesar de ainda não ter lançado oficialmente Vol. 2, o encerramento da trilogia está em pauta. "Inventei moda e quero finalizar logo essa história. Está pronto, é só entrar para o estúdio", ri ela. A ideia é colocar Vol. 3 no mercado em no máximo um ano, em edição especial com os dois primeiros discos. "O disco deve fechar o círculo. Terá um pouco do Vol. 1 e do Vol. 2 com novos arranjos. Devo chamar o Ghilherme Kastrup, que produziu o primeiro, e o Ricardo Prado, para fazer a produção do terceiro. Não quero que seja muito diferente. A ideia é que amadureça, mas que não se perca", diz a intérprete.




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