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PSDB e PT se atacam por CPI da Daslu
Sergio Kapustan
Do Diário do Grande ABC
17/12/2005 | 08:20
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Em clima de disputa eleitoral, aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e militantes petistas da região trocaram sexta-feira farpas sobre a abertura de uma CPI para investigar as relações da família do tucano com a Daslu, uma das lojas mais sofisticadas e caras do país instalada em São Paulo. Quem trabalha no estabelecimento é a filha de Alckmin, Sofia.

A investigação é defendida pelo deputado estadual Vanderlei Siraque (PT-Santo André). O pedido tem como base a decisão da juíza Maria Isabel do Prado, da 2ªVara Federal de Guarulhos, que aceitou a denúncia do MP (Ministério Público) contra a proprietária da loja, Eliana Tranchesi, seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque, e os donos de quatro importadoras.

Eles foram acusados por crimes de fraude, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Siraque acrescentou que a Daslu doou R$ 30 mil à campanha de reeleição de Alckmin (PSDB) em 2002, segundo levantamento feito no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E tem informações de que a filha do governador teria intermediado uma reunião da Daslu com a Secretaria da Fazenda para resolver um problema fiscal da butique. Siraque suspeita que Alckmin foi negligente ao não saber das irregularidades.

O vice-líder de Alckmin, Orlando Morando (PSDB-São Bernardo), negou a negligência e disse que a CPI petista é eleitoreira. Segundo Morando, a filha de Alckmin começou a trabalhar na Daslu antes de Alckmin assumir o cargo e que a doação é legal. “O dinheiro está registrado no caixa 1, conforme registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Quem entende de caixa 2 é o PT”, cutucou Morando.

O tucano declarou que o Estado multou a Daslu. “A única diferença é que a receita estadual não montou a pirotecnia da Polícia Federal (ele refere-se a Operação Narciso, em 13 de julho, que contou com a participação de 250 policiais e 80 auditores da Receita Federal e a detenção da proprietária da loja, Eliana Tranches)”.

O deputado Giba Marson (PV-São Bernardo) observou que a investigação não poder ser apenas um instrumento de benefício de uma força política. “No caso da Daslu, a gente sabe que integrantes do governo Lula são clientes da loja, portanto, se é para investigar vamos então pegar todo mundo”, defendeu o verde.

No lado do PT, o deputado estadual Miguel Reali (Diadema) declarou que os tucanos são incoerentes. Segundo ele, “o PSDB é bom de CPI em Brasília”. Para Reali, as denúncias contra a Daslu são graves. “Ela teve todas as facilidades para sonegar impostos e emprega ainda a filha do governador. Isso é não é coisa para se colocar debaixo do tapete”, cobrou. O deputado estadual Donizete Braga (Mauá) negou que a CPI é eleitoral. “É um direito do deputado e das minorias investigar denúncias de irregularidades em qualquer período”.

Segundo o PT, a Assembléia não aprova pedidos de investigação há mais de dois anos. Foram protocolados 61 pedidos de investigação contra o governo estadual e nenhum foi aprovado porque o PSDB tem maioria. A bancada protocolou uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra os artigos do Regimento Interno da Assembléia que dispõem sobre a instalação de CPIs.




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