A Rússia criticou nesta segunda-feira a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) por realizar missões de observação eleitoral "parciais" e se ocupar demais com a questão dos direitos humanos, o que abriu polêmica na conferência anual da entidade.

Em discurso ante seus colegas em Bruxelas, o chanceler russo Serguei Lavrov disse que a ação da OSCE era marcada pelo "desequilíbrio" já que "seu centro de gravidade se deslocou para o aspecto humanitários e os direitos humanos".

A OSCE "quer fazer tudo ao mesmo tempo: a observação de eleições, a luta contra a exploração de pessoas e de crianças...Claro que são questões cruciais, e a importância da problemática 'direitos humanos' é inquestionável. No entanto, a organização não pode se ocupar apenas da dimensão humana", afirmou.

Para Lavrov, se a OSCE persistir neste caminho deveria mudar seu nome para o de "organização para os problemas humanitários", na qual "cada país decidiria se entrava ou não".

A OSCE, resultado do processo de Helsinque iniciado em 1975, reúne os países da Europa e da ex-União Soviética, além de Estados Unidos e Canadá.

A OSCE integra o Departamento de instituições democráticas e direitos humanos (BIDDH), responsável pela observação das eleições e muito criticado por Lavrov.

"É estranho que alguns querem que permaneçam dentro da organização algumas estruturas independentes, e mais ainda quando essas estruturas pretendem desempenhar um papel de controle supranacional. É preciso eliminar tudo isso", declarou.

Neste sentido, Lavrov denunciou um informe divulgado nesta segunda-feira pelo BIDDH sobre suas atividades de observação eleitoral que, segundo ele, não "dá respostas adequadas às diversas preocupações" da Rússia e demonstra a "parcialidade" deste departamento para favorecer a eclosão de regimes pró-ocidentais na Geórgia e na Ucrânia, duas ex-repúblicas soviéticas.