Economia Titulo Telecomunicações
Operadoras de celular abrem ‘guerra’ de planos

Campeãs de reclamações, empresas de telefonia
móvel lançam ofertas para fidelizar os clientes

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
22/11/2015 | 07:00
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Oswaldo Corneti/Fotos Publicas


Líderes de reclamação no Procon, as operadoras de telefonia celular iniciaram neste mês uma ‘guerra’ de planos e tarifas para tentar fidelizar os clientes. A maioria das ofertas lançadas pelas empresas se refere ao uso de internet móvel.

De acordo com pesquisa Ibope/Nielsen divulgada em setembro, são 72,4 milhões de smartphones espalhados por todo o País. Os aplicativos mais utilizados são os de acesso às redes sociais e mensagens instantâneas, como Facebook e WhatsApp.

Entre as estratégias mais agressivas lançadas neste mês, destaca-se a da Claro, que passou a oferecer acesso ilimitado ao Facebook, WhatsApp e Twitter durante e após o término da franquia para os clientes pós-pago e do plano controle, cujos valores vão de R$ 31,90 a R$ 71,90. O limite de utilização da internet foi acrescido em 300 MB em todas as faixas de cobrança. “Estamos acompanhando uma forte tendência de mercado. Nossas pesquisas mostram que as pessoas têm preferência enorme pela internet. Hoje até achamos estranho quando alguém nos liga”, comenta o diretor regional da Claro para a Grande São Paulo, Carlos Cipriano.

Na TIM, o uso do WhatsApp também não é descontado da franquia. Entretanto, o foco do pacote de ofertas lançadas pela empresa neste mês está focado na fidelização do cliente. Nos planos pré e pós-pagos, são oferecidos até 1.000 minutos para ligações com qualquer operadora do País. Na categoria controle, são até 700 minutos disponíveis para chamadas de voz para outras prestadoras.

A Oi também optou por disponibilizar aos usuários cota para ligações sem restrições nos planos pré-pagos. Na oferta diária, o cliente paga R$ 0,75 e recebe 300 minutos para ligar para qualquer operadora de qualquer lugar do País. Na oferta semanal, cujo preço é R$ 10, são 75 minutos para ligação, enquanto no pacote mensal (R$ 40), o consumidor tem direito a 300 minutos. No fim do mês, a companhia deverá lançar ofertas semelhantes para os planos pós-pago e controle.

“Fizemos um grande trabalho de pesquisa junto aos clientes e constatamos que o que eles mais querem é liberdade de usar o celular da maneira que acharem mais conveniente, sem restrições do ponto de vista de ligar para outras operadoras”, salienta Roberto Guenzburger, diretor de Produtos e Mobilidade da Oi. Ele acrescenta que, antes de as prestadoras de serviço optarem por liberar as ligações para as concorrentes, os usuários já utilizavam de métodos para driblar as restrições. “O cliente comprava um celular com vários chips e utilizava cada um de acordo com a operadora da outra pessoa, para não pagar pela ligação.”

Guenzburger revela que a revisão de preços foi possível após a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) reduzir as tarifas interconexão – cobradas das empresas em ligações para outras operadoras.

Procurada pelo Diário, a Vivo informou que “suas ofertas têm como base a qualidade da rede de dados e a melhor experiência de uso do cliente”, mas não deu detalhes das ofertas.

Especialista ressalta necessidade de inovação

Diante do crescimento da tecnologia para tráfego de dados e da popularização dos smartphones no País, as operadoras nacionais de telefonia móvel não têm outra alternativa a não ser seguir por esse caminho. A opinião é do economista Robson Gonçalves, professor dos cursos de MBA da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

“O serviço de telefonia está sendo cada vez mais engolido pela internet. A entrada de novas opções no mercado (como o WhatsApp, por exemplo) obriga as empresas a inovar”, comenta o especialista.

Inicialmente, quando alguns aplicativos para troca de mensagens instantâneas começaram a oferecer a ferramenta de conversa por voz, as operadoras de telefonia demonstravam insatisfação, alegando que os serviços não dispunham de outorga para esse tipo de atividade. O economista, entretanto, avalia que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não deverá ceder às pressões. Ele considera que a polêmica é semelhante ao embate entre taxistas e motoristas do Uber. “Entendo que quanto mais concorrência tiver, melhor”, observa.

GRATUIDADE

Tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo projeto de lei de autoria do deputado estadual Gil Lancaster (DEM) que determina às empresas de telefonia móvel que concedam diariamente e sem custos para o consumidor três minutos para chamadas de voz e três mensagens de texto (SMS). A proposta está sob análise das comissões de Constituição, Justiça e Redação e de Transportes e Comunicações, mas já recebeu voto contrário do relator do primeiro grupo de avaliação.

A mesma Casa de leis também conta com uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) cujo objetivo é investigar a conduta das empresas do setor de telecomunicações. A CPI é presidida pelo deputado Orlando Morando (PSDB). 




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