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Insegurança compromete o lazer no Grande ABC
Alessandro Soares
e Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
10/11/2001 | 17:33
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  O medo da violência urbana está impedindo que as pessoas tenham um lazer cultural noturno com tranqüilidade nas cidades do Grande ABC. Assaltos após espetáculos e roubos de carro são ocorrências freqüentes, que estão fazendo com que muitos mudem de hábito. Até a Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer de Santo André criou um horário matinal para eventos.

Neste domingo, às 10h30, começa com entrada franca a série de atrações musicais Matinais de Domingo, que acontecerá no segundo domingo de cada mês no Teatro Municipal. A estréia é do grupo instrumental feminino Café Concerto.

A insegurança do público em freqüentar lazer noturno na região teria motivado o novo horário. Embora o secretário de Cultura Acylino Bellisomi negue que seja esse o motivo do horário, ele confirma ter recebido solicitações nesse sentido. “Uma senhora disse que tinha medo de sair de casa à noite”, diz.

O secretário ouviu pedidos informais para realizar mais eventos nas manhãs de domingo. “Umas dez ou 12 pessoas conversaram comigo”, afirma. Segundo Bellisomi, a insegurança não foi determinante. “A idéia é usar o novo horário de concerto para formação de público”.

Na questão insegurança versus lazer, o público se divide. A atriz Fernanda Sanches, de São Caetano, reconhece que lazer tem de rimar com segurança, mas ressalva: “insegurança não é motivo para não ir ao teatro. É uma desculpa”.

Para o andreense Jefferson Carvalho, empresário, “violência faz parte do dia-a-dia, e sem cultura é impossível manter a civilidade”. Ele sugere uma espécie de “ronda teatral, semelhante à ronda escolar”.

O capitão Roberto Alves, assessor de imprensa da Polícia Militar, informa que a ronda escolar é específica e que a PM já faz ronda em áreas de movimento como restaurantes, bares, teatros, casas de shows etc. “Mas existem espetáculos, por exemplo, que não atraem grande público e não demandam deslocamento de policiais”, afirma.

O que determina a presença do policiamento em eventos é o número de pessoas previsto pela organização, que solicita o trabalho ostensivo da PM. “Cada comandante tem autonomia para decidir o número de policiais a ser destacado para cada evento, levando em conta as prioridades da população”, diz Alves.

Existe um posto da PM em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, que funciona 24 horas. “Ele está lá há muito tempo, independentemente do que acontece no Theatro”, afirma o capitão Alves.

A secretária Cláudia Macchia, de São Bernardo, sai mais em São Paulo. “No Grande ABC falta segurança, embora a situação tenha melhorado de uns tempos para cá”, diz.

O Teatro Euclides Menato, em Ribeirão Pires, é uma exceção. Para a espectadora Maria Zulmira dos Santos, nele “não há problemas de segurança”: existe uma delegacia de polícia ao lado do edifício.




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