D+ Titulo
Bonde do funk
Marcela Munhoz
Diário do Grande ABC
21/08/2011 | 07:00
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Por mais que muitas letras tenham pornografia, duplo sentido, ou às vezes nenhum, e façam apologia ao crime, é impossível não mexer o corpo quando começa um funk. Tenta-se esquecer do que o cantor está dizendo e deixa que a batida simples e frenética controle os movimentos.

Pelo menos é assim que faz a maioria dos entrevistados pelo D+. "Gosto do ritmo e da batida. É bom de dançar, mas só escuto quando estou com amigos. Não curto quando as letras são vulgares e violentas", diz Ana Carolina Mañez, 15 anos, de São Bernardo. Para ela, hits mais antigos, como Glamurosa (do MC Marcinho), são ideais.

Paulo Roberto de Almeida, 17, de Mauá, prefere o funk mais sensual para observar as meninas dançando, em um volume que não seja muito alto. "É legal para curtir na balada, na festa, não no meio da rua, incomodando quem quer dormir." Fã de Mr.Catra, K9 e MC Smith, diz que não é por que gosta que vai fazer o que eles estão dizendo nas letras. "Dá para separar bem as coisas."

Se para a galera, o funk pode provocar certo incômodo, para os pais, não é bem-recebido. Ricardo Mañez, 43, considera-se bastante eclético, mas não gosta de nenhum tipo de funk. "Não tem letra, é só palavrão e abusos." De qualquer forma, deixa a filha Ana Carolina escutar, desde que seja mais light. "Sem baixaria e não mais do que meia hora", determina.

Ainda há preconceito, mas os funkeiros conseguiram em setembro de 2009 um feito muito importante: o estilo passou a ser considerado patrimônio cultural. "Estamos lutando pelo direito à cultura e ao trabalho. Mais de 10 mil pessoas estão envolvidas no mercado do funk no Rio. Queremos regularizar isso", explica MC Leonardo, presidente da Apafunk (Associação dos Amigos e Profissionais do Funk).

A cada dia, a legião de seguidores aumenta, não só nas comunidades carentes como nas classes altas. É raro uma festa com jovens sem que não seja tocado. Mas na opinião do DJ Ricardo, de Santo André, o ritmo já foi mais solicitado. "As pessoas amam ou odeiam." Nas festas de 15 anos, os pais estão controlando mais e pedindo letras menos pesadas, segundo o DJ Pedro, de Santo André. "Os aniversariantes optam pelos mais antigos ou pedem sertanejo universitário e eletrônico", explica Ricardo.




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