O mesmo terno infame. A mesma voz radiofônica que se mantém segura há quatro décadas, paradigma da locução brasileira. Silvio Santos divide de novo a audiência do domingo, desta vez com as três horas do programa que leva seu nome. Foram 9 pontos de Ibope, com pico de 14 no domingo passado.

Não há nada de novo no Programa Silvio Santos, que conta com a presença de cantores famosos, apresenta pegadinhas e repete a Gingana do Parque Aquático, que já foi exibida em outros programas. O único quadro original é o Jogo dos Casais, no qual marido e mulher conferem a harmonia do lar ao responder às mesmas perguntas.

De resto, lá estão as dançarinas sorridentes dentro de suas saias curtinhas, o cenário colorido e o público lotado, com dezenas de ‘colegas do auditório' prontas a se engalfinhar pelas notas de R$ 50 lançadas pelo apresentador.

Silvio Santos continua a surpreender pela permanência e superação, mesmo que isso possa se tornar em um futuro problema de identidade para uma emissora cujos planos sempre parecem envolver seu criador.
Próximo aos 80 anos, ele mantém a capacidade de enfrentar as longas horas de gravação de um programa e a mesmo simpatia que fizeram do apresentador uma das personalidades mais queridas da televisão, especialmente entre as classes populares.

Sob a maquiagem pesada que esconde a passagem do tempo, o artista ainda representa seu papel de homem franco, de poucos conhecimentos e infatigáveis bom-humor e curiosidade. Desconhece os cantores que apresenta. Jamais viu um filme ou leu um livro, mas revela que ouviu dizer que são muito bons. É um personagem feito sob medida para um público igualmente simples e que prefere diversões descomplicadas.

Curiosamente, o novo sucesso entre os adolescentes é Marcelo Adnet, no programa 15 Minutos da MTV. Ele vem se juntar à uma legião de imitadores de Silvio que ainda conta com o Ceará, do Pânico na TV!, Tom Cavalcante, Hermes e Renato, também da MTV, inúmeras páginas na internet e shows de humor País afora.

Silvio Santos há muito tempo deixou de ser um apresentador e suas reproduções são mais do que retratos. Há algo de laudatório e multiplicador nessas imitações inesgotáveis. Como a figura do cowboy e do super-herói, a figura do comunicador está resumida naquele sorriso permanente e no microfone cuidadosamente exagerado. Silvio Santos vem aí. E por muitos anos.