Esportes Titulo São Caetano
Azulão dá pouca atenção
às suas equipes de base

Com raras chances no time profissional, talentos vão
logo embora do São Caetano e brilham em outros clubes

Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
13/12/2010 | 07:12
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Outra temporada se encerra e uma nova está prestes a se iniciar e o São Caetano segue à risca o provérbio popular que diz que santo de casa não faz milagre. Apostou nos últimos anos e também o fará em 2011 em jogadores de outros clubes em detrimento das categorias de base. Dos garotos que ascenderam ao profissional nos últimos anos, apenas o volante Romário segue na equipe principal. O restante foi negociado sem sequer ter uma chance de brilhar no pelotão de frente. É o caso do zagueiro Mário, hoje no Grêmio, e do atacante Patrik, no Palmeiras.

Nem a conquista do vice-campeonato paulista sub-20 em 2008 foi capaz de assegurar a passagem e permanência destes e outros jogadores no time principal.

Além de Patrik e Mário, também fizeram parte da conquista o próprio Romário, o volante Célio, hoje no Bragantino, e os atacantes Amoroso (Palmeiras B) e Wendell. Este último segue no clube. Em 2009 teve oportunidades mas não se firmou entre os titulares. Neste ano foi emprestado ao CRB e disputou a Série C do Brasileiro pela equipe alagoana. A diretoria do clube ainda não definiu se ele permanece ou se será emprestado novamente em 2011.

Por outro lado, nos últimos anos o clube, que nunca revelou destaques de peso vindos da base, apostou e segue apostando em jogadores que se destacaram em outros clubes, mas que no Azulão não justificaram o peso da contratação, caso do meia-atacante Roger, com quem o técnico Toninho Cecílio já afirmou que não pretende trabalhar por falta de disciplina.

O próprio presidente da agremiação, Nairo Ferreira de Souza, admitiu recentemente que o atleta tem problemas extracampo e que poderá ser emprestado caso apareça algum clube interessado.

Nairo justifica que a condição de clube pequeno não permite ao São Caetano apostar a médio ou longo prazo nas pratas da casa.

"Os grandes (times) podem fazer isso porque têm elencos fortes e, como estão sempre brigando por títulos, não existe tanta pressão. No caso de clubes como o São Caetano, que brigam pelo acesso ou contra rebaixamento, a necessidade do resultado é tão grande que os treinadores preferem jogadores prontos", justificou o dirigente.

Após certa resistência, o presidente do São Caetano admitiu que a realidade financeira não permite que o clube segure eventuais talentos quando surge uma boa proposta. Ou seja, o time precisa fazer caixa para se manter em condições de ao menos conseguir se manter em posição intermediária no cenário do futebol nacional.

"O Mário é um excelente zagueiro, até gostaríamos de ficar com ele. Mas assim que disputou o sub-20 surgiu o interesse de um grupo espanhol e não tivemos como segurá-lo. Esse grupo adquiriu 50% (R$ 2 milhões) dos direitos e o repassou ao Grêmio", disse Nairo.

A julgar o fato de o São Caetano mais uma vez não ter conquistado o acesso, é de se esperar que na próxima temporada continue investindo em atletas mais tarimbados, com passagens por outras agremiações.

No entanto, garante Nairo, desta vez o Azulão olhará com mais carinho para seus meninos. "Planejamos trabalhar com 28 jogadores, sendo quatro da base. O Toninho Cecílio disse que quer contar com alguns garotos e já vinha observando alguns deles", apontou o presidente.

O atacante Robson, que veio da base da Ponte Preta para a do São Caetano no início do ano e que já foi relacionado para alguns jogos na reta final da Série B do Brasileiro, deve ter novas oportunidades no time principal.

 

 

Patrik lamenta escolhas do ex-clube

 

O atacante Patrik, hoje candidato à revelação no Palmeiras graças às chances que está tendo com o técnico Luiz Felipe Scolari, lamenta ter deixado o São Caetano em 2009 sem ter tido a oportunidade de mostrar que tinha condições de seguir no elenco principal.

Em 2008, o jogador foi alçado ao profissional pelo então técnico Pintado. Só que teve duas infelicidades. Dias depois o treinador deixou o clube. A outra foi uma contusão no tornozelo direito. Assim, disputou só duas partidas na Série B do Brasileiro, contra o Paraná e o Fortaleza, já sob o comando de Guilherme Macuglia.

"Todo jogador precisa ter uma sequência de jogos para mostrar seu valor. No São Caetano acontece como em outros clubes que lutam para conseguir o acesso. Quando chega alguém com mais nome, mais rodado, encostam a gente. Só com a sequência a gente adquire confiança e entrosamento. Mas agora estou feliz aqui (no Palmeiras) e espero ter novas chances no Paulistão", disse o jogador.

Patrik, no entanto, diz não ter mágoas e usou o mesmo argumento do presidente do Azulão, Nairo Ferreira de Souza, para dizer que entende a situação do clube. "Fiquei cinco anos lá e sou grato ao São Caetano por me dar a oportunidade de jogar. Foi o clube que me projetou. Entendo que é difícil para os mais jovens terem chances porque o clube briga para conseguir o acesso. Aí, tem de buscar jogadores mais experientes."

Patrik foi para o Palmeiras B em março de 2009. Logo que chegou teve de ser submetido a uma cirurgia de hérnia. Quando se recuperou, voltou ao time e ajudou o Verdinho a subir da Série A-3 para a A-2 do Paulista. Marcou nove gols.

Filho de família humilde do bairro Patriarca, Zona Leste da Capital, o atacante foi lançado no time principal do Palmeiras pelo então técnico interino Jorge Parraga, que assumiu o posto após a saída de Antonio Carlos.

Assim que subiu com Parraga, participou de apenas um jogo, contra Flamengo. Em seguida, os clubes pararam por conta da Copa do Mundo da África do Sul e só com a chegada de Felipão o jogador voltou a ser relacionado.

Participou de 19 partidas do Brasileirão, sendo cinco como titular. "A pressão aqui é forte, porque há algum tempo o time não ganha títulos. Temos de ganhar, assim a torcida não pega no nosso pé", disse atleta.




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