O descontrole da inflação na Argentina faz surgir fenômeno que o Brasil já enfrentou. Segundo o presidente da General Motors naquele país, o brasileiro Sérgio Rocha, o crescimento de 20% neste ano na venda de carros novos é explicado, em parte, pela tentativa de parcela dos consumidores em preservar o valor do patrimônio, já que o automóvel é bem durável e mantém a valorização.

"É curioso, mas isso acontece. Com medo da desvalorização e constantes aumentos de preços, o consumidor argentino compra mais carro zero. Lá a inflação nos ajuda a vender mais carro", disse Rocha. Extraoficialmente, a Argentina deve fechar 2010 com inflação de 25% - número que o governo do país vizinho não reconhece.

Mesmo com a remarcação desenfreada de preços, a GM espera crescimento recorde de 30% neste ano na Argentina, onde espera comercializar 100 mil unidades. Até a nova picape Montana será vendida a partir de 2011 no país, que começa a aceitar esse tipo de produto.

"Com alta de 30%, a General Motors crescerá mais que a média do mercado argentino, que neste ano deverá atingir a marca de 640 mil unidades - alta de 20% em relação ao ano anterior." Rocha disse, ainda, que a Argentina enfrenta problemas de infraestrutura que prejudicam a competitividade. Além disso, disse que o custo de mão de obra, falta de crédito e de capacidade instalada para o fornecimento de autopeças ameaçam a sustentabilidade. "O custo de mão de obra lá é muito alto. Para se ter ideia, neste ano concedemos reajuste salarial de 25%", disse. "Outro fator que impede a busca de mais eficiência é a defasagem dos fornecedores locais", acrescentou.