Cultura & Lazer Titulo Engatinhando
Cultura sofre com morosidade
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
28/06/2009 | 07:00
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Reuniões, debates, seminários frequentes e, mesmo assim, a integração das prefeituras da região para a solução de problemas na área cultural continua longe de tornar-se realidade. Seria falta de vontade política por parte das autoridades? Desconhecimento de conceitos básicos e das vantagens que um modelo de regionalização poderia oferecer? O recente encontro do grupo de trabalho responsável pelo setor no Consórcio Intermunicipal ofereceu pistas para as respostas dessas e de outras questões.

Promovido na quarta feira, no Senac Santo André, o evento contou com seis dos sete secretários de Cultura do Grande ABC (Diadema enviou assessores). Representantes da sociedade civil também participaram. A reunião começou às 9h30 e deveria ter durado, segundo a programação, até as 17h. Mas foi encerrada bem antes, às 15h30.

RETIRADA - Por volta das 13h30, quando deveriam continuar as discussões, três secretários retiraram-se, em função de outros compromissos: Edson Salvo Melo (Santo André), Rosi de Marco (Ribeirão Pires) e Aida Teixeira (Rio Grande da Serra). Todos deixaram representantes.

Pouco antes da refeição, quando foi discutida a realização de censo para o cômputo de agentes culturais e equipamentos públicos, Aida cogitou a possibilidade de cada município elaborar o próprio cadastro. "Minha cidade é pequena e acho que a gente poderia fazer rapidamente o censo em Rio Grande", explicou.

"Mas Mauá não tem dinheiro para fazer isso sozinho (a dívida total do município é de cerca de R$ 2 bilhões)", rebateu o assessor da Prefeitura de Mauá, Azaor Albuquerque, Ele acompanhou o secretário José Estevam Gazinhato que, assim como a secretária de São Caetano, Adriana Sampaio, permaneceu até o fim da reunião.

FALTA MUITO - Depois de muito diálogo, o grupo assumiu o compromisso de enviar projeto para o MinC (Ministério da Cultura) e obter, até novembro, o certificado para captação de verba junto à iniciativa privada. O dinheiro seria destinado à contratação da empresa que promoverá o censo. Ou seja: falta muito ainda para que o Grande ABC tenha o levantamento dos dados da área cultural, antiga reivindicação de profissionais do setor.

Há outros assuntos que deverão ser debatidos nas reuniões mensais do Consórcio, até o fim do ano. Entre os temas estão a capacitação de agentes culturais, em parceria com o Sebrae e a criação de leis municipais de incentivo.

A coordenação do grupo caberá à ex-secretária de Santo André, Simone Zárate, que atua como representante da sociedade. Experiente, ela elenca algumas razões para a morosidade na concretização de programas para o setor. "A política cultural ainda não é tratada de forma profissional na maior parte das cidades, não só na região. Quem cuida da área não é uma pessoa capacitada para isso. Têm governos que enxergam a secretaria apenas como realizadora de festas", define Simone.

Para a coordenadora de Planejamento e Gestão de Projetos do Consórcio, Regina Célia dos Reis, falta maturidade política. "Pensar na política regional significa ter uma mentalidade generosa e não se preocupar só com seu município. Às vezes demora para um prefeito compreender".




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