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No Jd.Luso, em Diadema, skate é ensinado dentro de casa

Leonardo Tabacow instalou rampa na sala de seu imóvel para ensinar crianças do bairro

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
19/08/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Faça chuva ou faça sol, não tem tempo ruim para aprender a andar de skate no Jardim Luso, na divisa de Diadema com a Capital. Isso porque Leonardo Tadeu Batista, conhecido como Tabacow, 36 anos, montou na sala de sua casa uma rampa para ensinar a modalidade às crianças. A estrutura possui 80 centímetros de altura e quatro metros de comprimento. “Coube certinho”, fala.

Tabacow começou a andar de skate em 1986. Sem pista para a atividade naquela época em Diadema, ia a pé com os amigos para São Bernardo. Em 1999, por meio de projeto realizado por uma escola, virou professor da modalidade. Formado em Educação Física no ano de 2010, continuou atuando em ações na área. Porém, o local em que lecionava aos fins de semana seria demolido. Mesmo que no improviso, os alunos não ficariam desamparados. “Por essa necessidade, tive a ideia de fazer esta minirrampa na sala de casa, até mesmo porque a residência é grande demais para mim, que moro sozinho.”

Atualmente, 16 crianças aprendem, gratuitamente, as técnicas e manobras do skate. “Ministro aulas para interessados a partir dos 6 anos”, fala. A iniciativa conta com o apoio de patrocínios, vindos de algumas marcas relacionadas à área.

O projeto, intitulado M&E Skate Escola, é uma homenagem aos pais, Marcos e Ermínia, que já morreram. “Eles sempre me incentivaram a andar de skate”, ressalta.

Nas aulas, os equipamentos de segurança são indispensáveis. “É obrigatório, não deixo andar na rampa sem capacete, cotoveleiras e joelheiras”, garante.

Segundo o professor, o tempo para aprender a andar bem no equipamento é relativo. “A maioria dos alunos começou em iniciação total, não sabia nem subir no skate e, em dois meses, andavam tranquilas, com muito equilíbrio e segurança. Já as manobras demoram um pouco mais, mas tenho alunos e alunas que, em seis meses, andam muito bem.”

Tabacow contabiliza que, entre o projeto e também as aulas particulares, ensinou mais de 1.200 pessoas. Ele fala, orgulhoso, do resultado. “Hoje, pelo menos dez são skatistas profissionais e vivem da prática. Muitos andam como diversão, mas, graças a Deus, não entraram em coisas erradas devido a muitos exemplos que dou e às palestras que sempre faço depois das aulas.”

É por essas e outras que o rapaz define sua atuação como algo que vai além do hobby. Trata-se de um estilo de vida. “O projeto dá carinho, atenção, coisas que muitas vezes eles não têm. Além da oportunidade do aprendizado do skate, as crianças e jovens são ensinadas também a respeitar as pessoas e saber que são o futuro do nosso País”.

No site www.leonardotabacow.com.br é possível conhecer um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido pelo skatista, além de conferir programas apresentados por ele.

Projeto forma por meio do esporte

A prática esportiva auxilia não só na saúde, como também na formação de muitos valores que acompanham os cidadãos. É com esse objetivo que Willian Cardoso de Araújo, 37 anos, ministra aulas de futebol para 200 crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, vindos do Jardim Luso e de outras regiões de Diadema e da Capital.

O projeto surgiu em 1998 com o objetivo de tirar os jovens das ruas, já que a região é periférica e não oferece muitas oportunidades. Estudante de Educação Física na época, Araújo treinava a garotada e contabilizava a experiência como estágio. Ele contava com o apoio de Pedro Luiz Silva, presidente da Associação Clube da Comunidade Jardim Miriam, na Capital e próximo ao Luso, que cede até hoje o espaço para os treinos.

Em 2001, a ação ganhou o nome de Projeto Semear. No entanto, a falta de recursos para tocar o trabalho fez com que fosse interrompido. “Tivemos problemas para captar patrocinadores, paramos e retornamos em 2007. Em 2010, paramos novamente pelo mesmo motivo e voltamos neste ano”, explica Araújo.

De segunda e quinta-feira, 100 alunos participam da aula, gratuita, das 8h30 às 11h30. Aos sábados, outra turma de 100 pessoas treina do meio-dia às 18h.

O fato de o coordenador ser graduado também em Teologia possibilita passar aos pupilos mais que formação esportiva. “Ensinamos valores que o mundo não ensina e a gente percebe que eles têm vislumbrado um futuro melhor.”

A garotada absorve bem os ensinamentos, como Diego Pablo de Jesus, 11. “Aprendo não só a jogar bola, mas também a respeitar as pessoas.”

Moradores se beneficiam do fluxo de ônibus intenso e contínuo

A proximidade com a Capital faz com que a movimentação no Jardim Luso seja intensa, principalmente no que diz respeito ao trânsito. Mas, neste caso, não são os carros que dominam a área, e sim o transporte coletivo.

Ao andar pelas ruas, a cena mais vista é de passageiros embarcando e desembarcando dos coletivos que vêm e vão para vários destinos das duas cidades, como os terminais Diadema, Santo Amaro e Ana Rosa.

No horário de almoço, período um pouco mais tranquilo, muitos condutores estacionam nas vias para uma rápida refeição. “Mas, no início da manhã e fim de tarde, é ônibus chegando e saindo a toda hora, sem parar”, garante o líder operacional Adilson Santos, 42 anos, que controla a chegada e saída dos veículos e a frequência das linhas.

A promotora de vendas Miraleite de Jesus Cavalcante, 40, usa o transporte todos os dias. Para ela, cuja função exige variados percursos, já que visita grande quantidade de comércios, o acesso fácil aos ônibus é de enorme ajuda, ainda que, em determinados horários, a condução esteja lotada e seja preciso esperar a próxima, algo que acaba sendo comum. “Aqui tem ônibus para todo lado. Uso diariamente para trabalhar e também para ir ao shopping (Praça da Moça) aos fins de semana, onde gosto bastante de passear.”

Moradora do Jardim Luso há dez anos, ela conta que essa particularidade do bairro atraiu seus familiares. “Toda a minha família optou em morar por aqui por causa disso.” 




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