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Do Centro às ondas de rádio em Ribeirão

Transmissão comunitária leva entretenimento e prestação de serviços à cidade há 11 anos

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/06/2014 | 07:00
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Há 11 anos, na Avenida Francisco Monteiro, localizada no Centro de Ribeirão Pires, Ademar Bertoldo, 72 anos, traz aos ouvintes programação feita com muito carinho para a comunidade, por meio das ondas da rádio Pérola da Serra (87,5 FM), com funcionamento autorizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

A paixão pelo esporte foi o que levou Bertoldo para a área da comunicação. “Sempre gostei muito de futebol. Em 1960, jogava no time Olaria, que era da cidade, e conheci uma pessoa que encaminhava as notícias do esporte para os jornais. Fui me interessando por aquilo e logo comecei a fazer também”, recorda.

Na década de 1990, de escrever notícias, como vinha fazendo voluntariamente, ele passou a apresentar programa em uma das rádios do município – que era informal e acabou sendo fechada.

O encerramento, no entanto, não era o fim, mas sim o início de uma oportunidade. “A dona da rádio estava vendendo os equipamentos e eu os comprei”, conta.

Mas Bertoldo não queria destino semelhante ao da extinta rádio. Segundo o MC (Ministério das Comunicações), podem explorar esse serviço somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos e com sede local. Foi justamente o que Bertoldo fez. “Criei a Associação Cultural Comunitária Serrana e, em 1998, protocolei pedido no MC. Em 2002, consegui a autorização”, celebra, lembrando que há rádios que há dez anos esperam o aval para funcionar.

Em agosto de 2003, nascia a Rádio Pérola da Serra, nome pelo qual a cidade ribeirão-pirense é conhecida por suas belezas naturais e o clima serrano. O primeiro programa a ser transmitido foi esportivo, como não poderia deixar de ser pelo gosto do locutor.

Atualmente a rádio conta com equipe formada por 35 pessoas, que auxiliam a compor programação variada. Todas são voluntárias.

Nas rádios comunitárias, a publicidade pode ser transmitida sob a forma de apoio cultural, desde que restritos aos estabelecimentos situados na área da comunidade atendida. Com esse recurso, Bertoldo, que se aposentou em uma multinacional, banca a manutenção do prédio onde fica a rádio, que é de sua propriedade.

A cobertura da Pérola da Serra é restrita ao raio de um quilômetro a partir da antena transmissora. Mas, na era da internet, consegue ir muito além. Duas câmeras instaladas no estúdio transmitem a programação ao vivo pelo site www.radioperoladaserrafm.com.br. “Durante os programas, é comum as pessoas enviarem mensagens falando que estão ouvindo a rádio em todo lugar do País. Já tivemos ouvintes até do Japão.”

Diariamente Bertoldo chega ao estúdio às 6h30. As transmissões ocorrem das 7h às 22h. Apesar de ser referência de comunicação na cidade, ele não tem formação na área e diz que nunca sonhou em ser jornalista. “Mas sempre gostei de divulgar a minha cidade e o esporte, claro, que é o carro-chefe”, fala, orgulhoso.

Antiga moradora relembra fábrica

Uma das primeiras moradoras da região central de Ribeirão Pires, onde vive desde 1945, Ana de Pieri Netto, 82 anos, participou do desenvolvimento econômico da cidade atuando em importante indústria do município, extinta em 2003: a Fábrica de Sal Cotolessa, localizada no Centro Alto e que comercializava o sal Rodolpho Valentino.

“Comecei a trabalhar na fábrica em 1948 e fiquei até 1964. Por oito anos chefiei equipe de produção com 60 moças. Era a primeira a chegar e a última a sair do trabalho”, conta.

Dona Ana desempenhava função de empacotadora do cloreto de sódio e também produzia a embalagem – que, naquela época, era feita de morim, pano leve e fino de algodão . “O sal vinha grosso pela estrada de ferro. Eram vagões e mais vagões do produto, que era refinado na fábrica. Eu confeccionava os sacos, costurados à mão. Era um trabalho danado, o barbante cortava os dedos”, recorda. O salário era por produção, pago semanalmente.

Para chegar ao saquinho plástico, levou tempo. “Demorou bastante, não sei precisar quanto.”

A saída da fábrica se deu pelo nascimento da filha. “Não tinha creche naquela época, então, tive que pedir demissão.”

Do edifício da empresa, erguido em 1898, hoje só sobram ruínas. O prédio não comporta nenhuma ocupação, já que está contaminado pelo cloreto de sódio. Os efeitos da salinização, inclusive, levaram a Prefeitura a interditá-lo, mantendo-se nessa situação desde 2009.

O Executivo vem realizando estudos técnicos que viabilizem a preservação do local, que é referência histórica para a cidade. A ideia é promover o tombamento de toda a edificação original, uma vez que, atualmente, apenas a chaminé é tombada.

Pontos turísticos trazem ar estrangeiro

Dois cartões-postais da Rua Felipe Sabbag chamam a atenção de quem passa por lá e os leva, por um momento, para terras distantes.

Um deles é o Jardim Oriental, inaugurado em 1971, pelo embaixador do Japão no Brasil da época e pelo então prefeito Antônio Simões.

Em sua última revitalização, há dois anos, cerca de seis toneladas de pedras foram utilizadas para dar outra aparência ao espaço. Além da vegetação e plantio de diversas árvores, como as cerejeiras, foi criada queda-d’água e lagos, seguindo a tradição milenar do povo japonês.

O Centro de Exposições Históricas de Ribeirão Pires também é atraente ponto turístico. Reúne o acervo histórico do município, administrado pelo Museu Municipal Família Pires. São objetos, fotos, documentos, pinturas e obras de arte à disposição da população, abrigando ainda exposições itinerantes de artistas convidados ou sob agendamento.

O destaque do espaço fica por conta de um relógio suíço instalado no alto de sua torre de 21,5 metros de altura. Nele, o número quatro em algarismo romano é IIII, como se usava antigamente, ao invés do IV atual.

A obra custou em torno de R$ 2,2 milhões, com recursos do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias).




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