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Região avança na
escolarização de adultos

Houve alta de 131,6% em 20 anos no número
de maiores de idade com Ensino Fundamental

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
05/08/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O número de moradores do Grande ABC de 18 anos ou mais com Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) completo aumentou 131,6% nos últimos 20 anos. Enquanto em 1991 cerca de 518 mil pessoas haviam concluído essa etapa escolar na região, em 2010 o número mais que dobrou e chegou a 1,2 milhão de habitantes. A informação integra relatório divulgado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nesta semana.

Há 20 anos, apenas 39% da população das sete cidades nesta faixa etária haviam completado o Ensino Fundamental. O número chegou a 53% no ano 2000 e a 67,7% em 2010. A média da região supera os índices nacionais. Em 1991, 30,1% dos brasileiros com 18 anos ou mais haviam concluído o Fundamental, enquanto que em 2010 esse percentual chegou a 54,9%.

Entre as sete cidades, a maior variação foi observada em Ribeirão Pires, onde o número de pessoas com essa idade e Fundamental completo passou de 4.200 munícipes em 1991 para 18,9 mil em 2010. Em seguida, Mauá teve a segunda maior alta – de 51,2 mil para 185,9 mil. Já São Caetano, que detém a maior quantidade de adultos que completaram essa etapa escolar, teve o avanço mais tímido (53,2 mil para 91,9 mil).

Ao lado de São Caetano, as duas outras cidades mais ricas da região – Santo André e São Bernardo – são as únicas em que mais de 70% da população maior de idade têm o 9º ano completo. A pior média é de Rio Grande da Serra, onde 62,1% dos munícipes terminaram essa fase.

Conforme explica a secretária de Educação de São Bernardo e presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Ensino), Cleuza Repulho, a melhoria se deve a políticas públicas eficazes nessa área, entre elas a manutenção de programas como a EJA (Educação de Jovens e Adultos) e o Bolsa Família, responsável pela permanência escolar. “Observamos que, especialmente nos últimos dez anos, os gestores trabalharam fortemente não só na alfabetização como também na escolaridade”, destaca.

A região tem cerca de 12,9 mil pessoas matriculadas no Ensino Fundamental da EJA. Pelo lado da assistência social, 71,2 moradores das sete cidades recebem o Bolsa Família.

O principal benefício do aumento da escolarização, segundo Cleuza, é a melhoria das condições de vida da população, que passa a ter ferramenta para conseguir melhores empregos. “Informação é tudo. À medida que as pessoas ampliam seu conhecimento, a economia avança e o País também”, explica. Outro ponto positivo é o incentivo familiar provocado pela ação, tendo em vista que pais com maior nível de conhecimento se preocupam mais com os estudos dos filhos.

IDH

O aumento da escolarização das pessoas é, inclusive, um dos indicadores que contribuiu para a elevação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) na Educação. Apesar de os números nesse subíndice terem avançado na região, apenas São Caetano apresentou pontuação superior a 0,8, taxa considerada muito alta. As demais localidades ficaram enquadradas no patamar alto, entre 0,7 e 0,799, em escala que varia de 0 a 1.

Na visão de Cleuza, o próximo desafio, principalmente para os Estados, é a ampliação do Ensino Médio com medidas que garantam a continuidade dos estudos. A dificuldade em manter alunos nesta etapa escolar tem sido apontada como um dos fatores para que o IDH não tenha avanço mais significativo.

 
 

Estudantes retomam projetos na EJA

As salas de aula da EJA (Educação de Jovens e Adultos) estão recheadas de pessoas que voltaram aos bancos escolares depois de anos de dedicação à família, ao trabalho ou que não estudaram por falta de oportunidade. Além de exigir força de vontade, a escolarização traz consigo retomada de projetos de vida, realização de sonhos e o compartilhamento de experiências entre docentes e estudantes.

No caso do pedreiro Reinaldo de Moraes, 32 anos, o trabalho foi responsável pelo afastamento da escola antes de completar o 5º ano do Ensino Fundamental. Porém, o desejo de melhoria da colocação profissional o trouxe de volta. “Estou afastado do trabalho porque tive problema na coluna e minha esposa me incentivou a voltar a estudar”, destaca o aluno da EJA de São Bernardo.

Antes mesmo de concluir o Ensino Médio, ele já pensa no Ensino Superior. “Quero fazer faculdade de Engenharia Civil”, observa Moraes.

Para a empregada doméstica Helena de Oliveira, 47, o retorno proporcionou o surgimento da paixão pela pedagogia. “Meu sonho é dar aula para alunos da EJA”, revela. A moradora do Riacho Grande leva cerca de duas horas no trajeto de casa até a escola, mas não desanima. “Parei de estudar no 4º ano porque não tinha material para levar para a escola. Sonhava em voltar.”

A principal divulgação da EJA é feita pelos próprios alunos. Exemplo é a presença do catador de recicláveis José Carlos Adão, 54, entre os estudantes. Ele, que mora em um veículo quebrado, aceitou o convite de uma amiga para retomar o aprendizado. “Quero continuar. Já estou até com a letra boa”, comemora o tímido estudante. 




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