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A receita da caixinha

Agora é Brasília. Já houve o Mensalão tucano, e a denúncia contra o hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB - Minas) acaba de ser aceita pelo Supremo

Por Carlos Brickmann
06/12/2009 | 00:00
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Agora é Brasília. Já houve o Mensalão tucano, e a denúncia contra o hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB - Minas) acaba de ser aceita pelo Supremo. Já houve o Mensalão petista, e há processo no Supremo contra 40 pessoas, algumas das quais ocupavam cargos importantes no governo federal. De acordo com o portal Contas Abertas, as denúncias de Mensalão atingem doze partidos, ou 44% das legendas registradas - entre elas as principais, além das mais fiéis aliadas.

É todo mundo igual, tudo farinha do mesmo saco? Não: o problema é que, com a estrutura político-eleitoral do País, o caixa 2 virou uma ferramenta que os partidos e seus candidatos consideram indispensável para enfrentar as despesas de campanha. E, já que o dinheiro não é mesmo contabilizado, que tal separar alguns trocados para uso pessoal e dos aliados? Imagine que alguém consiga uma doação não contabilizada de R$ 1 milhão. Não é difícil imaginar que ele informe ao partido e ao candidato, feliz da vida, que conseguiu R$ 800 mil. Alguém repassará os R$ 600 mil ao responsável pela despesa, que gastará os R$ 400 mil de acordo com os interesses da campanha - mas a preços nem sempre de mercado.

Mas como fazer se uma campanha para deputado estadual em São Paulo custa seus R$ 2 milhões? Nada, a não ser mudar a legislação político-eleitoral. Mas isso não interessa aos políticos: é com essa legislação que se elegeram, e essa legislação lhes deve trazer vantagens. Não veem motivo para mudar. É aí que entra a opinião pública. Mas propor algo dá trabalho. Xingar é mais fácil. E inútil.

NOME POR NOME
Os 12 partidos citados nos diversos Mensalões são PT, PSDB, DEM, PMDB, PPS, PTB, PR, PSB, PTC, PRP, PSC e PP. Três são de oposição, nove da base aliada.

COMO É MESMO?
Uma delícia a carta à imprensa de Devanir Ribeiro, deputado federal pelo PT, criticando os políticos que enfiam dinheiro nas cuecas. Alguém precisa contar a ele que houve um caso famoso com o assessor do deputado José Nobre, seu companheiro de PT, e que até hoje não explicou de onde vinham os dólares.

BEM QUE TENTARAM
O senador paranaense Álvaro Dias, companheiro de partido de Cury, telefonou para ele, tentando impedir a besteira. Inútil: para Cury, como o Bolshoi se apresentaria em uma tenda, é circo e pronto.

FRASE DEFINITIVA
É provável que a frase seja mais antiga, mas este colunista sempre a viu atribuída ao primeiro-ministro alemão Konrad Adenauer: o bom Deus, que limitou a inteligência humana, poderia ter limitado também a estupidez. E o ridículo.

DEDOS CRUZADOS
Aguardemos: o julgamento da censura prévia ao jornal O Estado de S.Paulo, imposta a pedido de Fernando Sarney, que administra as empresas da família, está marcado para esta quarta, dia 9. O advogado que defende a liberdade de imprensa é Manuel Alceu Affonso Ferreira. A censura, que já dura quase quatro meses, foi pedida por Fernando Sarney para impedir a divulgação de informações sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal.

BOA NOTÍCIA...
A Hyundai, maior grupo industrial da Coréia, anunciou novamente a construção de uma fábrica de automóveis em Piracicaba, no Interior de São Paulo, com investimento de US$ 600 milhões. A comunicação foi feita pelo vice-presidente da empresa, Eui Sun Chung, ao governador José Serra.

...SE FOR
Esta é a segunda vez em pouco mais de um ano que a Hyundai anuncia a mesma fábrica. A primeira foi em setembro de 2008. Em janeiro de 2009, a fábrica foi suspensa "por causa da crise internacional", e retorna agora, com produção prevista para 2012. A Hyundai anuncia a criação de 1.600 empregos.

QUARENTINHA
Não se impressione com a invasão da Câmara Distrital de Brasília: não tem nada a ver com corrupção, com panetones, com caras pintadas. Em Brasília, há uma central de manifestações (que já apareceu em reportagens diversas e que não faz segredo de sua área de atuação). Com R$ 40 por pessoa, mais lanche e transporte, monta-se uma manifestação com invasão e tudo. Aliás, basta olhar as cenas de invasão: ali não há ninguém com idade para ser estudante. E nem se diga que eram militantes do Psol e do PSTU: havia gente demais para isso.

O CIRCO DE CURY
O prefeito tucano Eduardo Cury, de São José dos Campos, SP, bateu dois velhos recordes: o do cartola que impediu um jogo da Seleção Brasileira contra os russos, em 1964, porque foi informado de que eles eram comunistas; e o do ministro da Justiça da ditadura militar, que proibiu a Globo de transmitir um espetáculo da mais famosa companhia de balé do mundo, Bolshoi, pelo mesmo motivo. Cury proibiu a realização de uma semana de espetáculos do Bolshoi em sua cidade porque, em seu douto saber, o Bolshoi é um circo e atrapalharia o trânsito.




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