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'Grande Sertão: Veredas' completa 50 anos
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
23/05/2006 | 07:50
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Em 50 anos, o mundo mudou radicalmente. O homem foi à Lua, diversos países iniciaram e terminaram guerras, houve uma revolução dos costumes e a evolução tecnológica pôs a humanidade numa era cibernética. Ainda assim, um livro permanece absolutamente atual e capaz de suscitar as mais ardentes polêmicas: o Grande Sertão: Veredas, publicado meio século atrás pelo mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967). Para lembrar a longevidade desta obra-prima, vários eventos são realizados em São Paulo e na região.

Grande Sertão: Veredas narra a saga do vaqueiro Riobaldo, que conta sua história para um interlocutor letrado, um sujeito que nunca aparece. O protagonista entra para um bando de jagunços e vive grandes aventuras em um local confinado entre os rios São Francisco e Urucuia.

Riobaldo encara difíceis batalhas e faz um pacto com o diabo para conquistar a invencibilidade. Seu cotidiano árido e violento muda quando entra para o bando Reinaldo, pelo qual se apaixona. Mais tarde, o companheiro revela ser uma mulher, Diadorim. Os dois então se unem para vingar o assassinato do pai da moça.

A inventividade do texto de Rosa é uma das características mais marcantes da obra. O autor criou um vocabulário próprio, que misturava elementos da tradição oral a erudita.

Celebração – O Sesc Pinheiros concentra uma série de atividades alusivas à obra de Guimarães Rosa. Uma delas é o espetáculo Paisagem Cantada, que será apresentado nesta quarta-feira, às 20h, na unidade paulistana (r. Paes Leme, 195. Tel.: 3095-9400. Ingr.: R$ 6), e na próxima terça-feira (30), às 20h, no Sesc São Caetano (r. Piauí, 554. Tel.: 4223-8800. Ingr.: R$ 6).

Paisagem Cantada faz parte do projeto Meninos Quietos, que foca o universo lúdico dos meninos do sertão, também presente na obra de Guimarães Rosa. No espetáculo, o grupo Inhambuzim apresenta músicas próprias que evocam o universo do autor. A inspiração vem de obras como Grande Sertão: Veredas, Manuelzão e Miguilim, Primeiras Histórias e Sagarana.

O regionalismo é o ponto de partida para o grupo que, embora reforce o canto, não é um apenas um grupo vocal. Berrante, violão, baixo, piano e percussão costuram ritmo e melodia do espetáculo.

Diadorim inspira o espetáculo de dança infantil Limrim, em cartaz nos próximos dias 27 e 3 de junho, às 14h, no Sesc Pinheiros. A personagem é representada em sua infância, brincando no quintal e revelando sonhos, medos e segredos por meio de brincadeiras. Com Mariana Huck e Fernando Machado.

A mesma unidade do Sesc promove, neste fim de semana, a chamada Caminhada Literária, com o grupo de contadores de história Caminhos do Sertão e União Rosário de Maria – Congada Tradicional de Cordisburgo. Em um trajeto que vai do Sesc à igreja do Largo de Pinheiros, o público poderá ouvir contos e ver a encenação de trechos de Recado do Morro, uma das novelas do livro No Urubuquaquá, no Pinhém, do autor mineiro.

O evento ocorre no sábado (27) e domingo (28), às 16h, com entrada franca. Outra atração no espaço é a exposição Meninos Quietos, em cartaz até dia 4 de junho, e que oferece às crianças a possibilidade de se familiarizar com o ambiente do sertão por meio de brinquedos e brincadeiras típicas daquelas crianças.

Site: www.sescsp.org.br




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