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Veículos brancos são a bola da vez

Pesquisa da PPG Industries aponta cor como a preferida do consumidor em âmbito mundial

Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
16/11/2011 | 07:00
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No fim da década de 1980, 25% dos carros que saíam das linhas de produção brasileiras passaram a ser pintados de vermelho. Já em 1998, um contraste, pois o verde tingia 18% das carrocerias dos automóveis. Mas hoje, o Brasil vive a dinastia dos carros pretos e prata, cores que, segundo especialistas, caíram na preferência devido à facilidade de revenda.

O fato é que, de uns tempos para cá, o branco tem caído cada vez mais no gosto do brasileiro. É o que confirmou pesquisa divulgada nos Estados Unidos pela fabricante de revestimentos automotivos, PPG Industries.

Há um certo tempo, o público tinha certo preconceito por esse tom, principalmente na Capital, onde os táxis são brancos. "A cor branca tinha 10,2% da preferência em 2009, subiu para 13,8% em 2010 e agora saltou para 16,1%", afirma Alex Lair de Amorim, responsável pelo Laboratório de Desenvolvimento de Cores da PPG do Brasil.

De acordo com Amorim, outra cor que também cresceu na preferência do consumidor foi o cinza, que em 2009 tinha 13,8% de participação, subiu para 14,5% em 2010, e agora tem 17,4%. O prata caiu de 34,1% em 2009 para 32,9% em 2010 e tem 31% neste ano. Já o preto, que tinha 26,2% da preferência em 2009, caiu para 23,8% em 2010, e agora marca 21%.

Se, no Brasil, o branco está caminhando a passos largos, em nível mundial reina absoluto. Nada menos que 21% dos carros que saíram das linhas de produção em 2011 carregaram o tom branco na carroceria. O preto e o prata empataram em segundo lugar, com 20% cada.

Mas essa é uma tendência já percebida tanto pelo público quanto pelas marcas. É fácil lembrar do estande da BMW no Salão do Automóvel de São Paulo de 2010, onde todos os carros se apresentaram vestidos de branco. Na época, a direção da marca enfatizou tanto o luxo trazido pela cor quanto a ideia de sustentabilidade.

Segundo o departamento de vendas da Audi do Brasil, entre janeiro e outubro deste ano, 30% dos veículos comercializados pela marca eram brancos. Em 2006, o percentual de modelos neste tom era de apenas 2%.

Ainda de acordo com a Audi, o carro que mais vende na cor branca (no Brasil) é o A5, que detém 30% das vendas. O segundo lugar fica com o Q5 (22%). Na terceira colocação, estão empatados o R8 e o TT, com 21% do mix.

Como é possível notar quando se transita pelas ruas brasileiras, o Mitsubishi ASX branco tem grande aceitação por parte do público consumidor. Dados fornecidos pela marca apontam que, das 1.164 unidades vendidas no mês de outubro, 462 saíram das revendas nesta cor - nada menos que 39,7% do total. Em janeiro, eram apenas 13,2%, elevação que obrigou a marca a crescer o número de importação, pois o modelo vem do Japão. A fila de espera já chegou a três meses.

Há quem diga que a evolução da cor seja um dos principais motivos do aumento do interesse, pois aquele branco geladeira dos carros dos anos 1990 deu lugar a variações como o perolizado, o creme, o ártico e até mesmo o fosco.

Apostando nestas nuances, quem também se deu bem com o branco foi a Kia. Segundo a montadora sul-coreana, 27% dos Sportage e Sorento vendidos neste ano foram brancos. O segundo lugar ficou para o Mohave, com 24%. Em terceiro lugar (19%) estão empatados, Cadenza, Cerato e Carens. E em quarto lugar, o vulgo carro design Soul emplacou 16%.

 

Tons fortes: na moda, mas com racionalidade

 

Para lançar o Duster (cuja avaliação completa pode ser lida na página 4) a Renault precisava de cor agressiva, que traduzisse a ideia de espírito aventureiro. O resultado foi o verde Amazônia, a primeira parceria entre a montadora francesa e a PPG, que decidiu mesclar pigmentos amarelados à cor genuinamente brasileira.

Mas este é só um dentre tantos exemplos de cores vibrantes que, hoje, revestem as carrocerias dos carros vendidos por aqui. Impossível falar neste assunto sem mencionar o Fiat Uno Amarelo Citrus - ou o Laranja Nemo, da versão Sporting do hatch.

Apesar de chamar atenção e ter certa exclusividade nas ruas, vale alertar que tais cores, além de denunciar a idade do carro, acabam fazendo a diferença na hora da revenda. "Não há como especificar porcentagem, mas o proprietário de um hatch popular que tenha cor gritante pode perder entre R$ 500 e R$ 1.000 quando passar o veículo para frente", diz o consultor automotivo Francisco Satkunas.

De acordo com ele, "todo mundo gosta de ver carros que tenham cores diferenciadas nas ruas, mas, na hora de comprar, a história é outra, pois o brasileiro é bastante conservador e também coloca na balança a disponibilidade da tonalidade do veículo quando houver a necessidade de possível repintura", comenta.

Ele ainda defende que, em segmentos superiores, a oferta de tecnologia embarcada acaba fechando os olhos do cliente para a cor da carroceria. Isso vem permitindo até mesmo a mescla de tons contrastantes no interior dos chamados veículos premium.

 

Pesquisa aponta importância da cor na hora da compra

 

Recentemente, a PPG concluiu estudo feito com consumidores norte-americanos por meio da internet sobre a importância das cores no momento da compra do automóvel zero-quilômetro.

Nada menos que 48% dos consumidores afirmaram escolher o veículo baseados na cor da carroceria; 31% responderam que estão dispostos a pagar mais por um carro que expresse personalidade através da cor. Os donos de automóveis de luxo, esportivos e SUVs premium disseram que estão dispostos a pagar mais para obter a cor de sua escolha.




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