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Velha e louca
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
18/10/2011 | 07:21
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Agora ela está só Mallu. Dezenove anos, quatro primaveras de carreira e dois discos depois, Mallu Magalhães chega ao terceiro álbum, 'Pitanga' (Sony/BMG, preço médio R$ 25), "velha e louca". E nem aí para o que dirão ou pensarão.

A assinatura do projeto, assim como o corte do sobrenome, são reflexos de uma busca que encontrou no caminho da maturidade a necessidade de representar força e concisão. "Esse trabalho está mais íntimo, direto, aberto, livre, e eu, corajosa. Senti necessidade de colocar só Mallu. É como pitanga, nome forte e conciso", conta a cantora, que decidiu o nome do disco inspirada pelas pitangueiras que permeiam sua casa e seu estúdio.

"Esse disco é um retrato de movimento existencial, pessoal e emocional que acabou refletindo na música. Nos primeiros discos, não tinha a participação e a dedicação que tive neste. Na hora de fazer, ia lá e gravava a voz. Dessa vez me entreguei inteira e intensamente, decidi me dedicar à minha arte e encontrei em mim essa vontade e coragem, de levantar a bandeira de forma quase doentia", diz.

Agora radicada no Rio, Mallu compôs o trabalho enquanto morava em Pinheiros, na Capital, impregnada da cidade que pulsa, em que desfilam todos os tipos de gente. A miscelânea que compõe a cidade também está presente na música.

"O disco sou eu e todas as coisas que me influenciam. Tem a questão do amadurecimento natural, a gente começa a olhar as coisas de outra maneira, tudo fica mais nítido e visível". Até a mulher do restaurante por quilo, citada nos agradecimentos do encarte, justifica essas observações.

Carioca em adaptação, Mallu conta que está apaixonada pelo sol e pela luz da Cidade Maravilhosa e desgostosa pela quantidade de mosquitos, e que, por estar ainda imersa em 'Pitanga', não faz ideia das influências que a nova moradia produzirá em suas inspirações.

PROCESSO
Agora mais dedicada, e também autora de todas as 12 faixas do disco - com produção de Marcelo Camelo -, e também das ilustrações do encarte, a cantora e compositora conta que não seguiu cartilha para fazer as canções nascerem. "Algumas músicas surgiram durante a própria feitura. Às vezes começo a tocar e consigo identificar as linhas melódicas e os acompanhamentos ideais. Em outras ocasiões, a música aparece no meu inconsciente quase sem nada, então eu gravava um pouquinho e tocava uma guitarrinha que imaginava."

Ela conta que teve momentos de chegar no estúdio, fechar os olhos e imaginar: "O que eu quero aqui nessa música?". Desta vez, teve à disposição variados instrumentos para poder diversificar conforme o processo fluía. "Tive contato intenso e diário com a música, de um jeito que nunca tive antes."

Desde o rock 'Velha Louca', com um ar das canções dos anos 1950, até 'Sambinha Bom', que tem inspiração de bossa nova, e a romântica 'Por Que Você Faz Assim Comigo?', o disco traz um vasto leque de ritmos sem condensar-se em fórmula alguma, e sem perder identidade. Todos os arranjos passeiam por influências e pela criatividade de Mallu e dos músicos multi-instrumentistas na hora do vamos ver no estúdio.

Da geração tecnológica, Mallu revela que uma das canções, 'In The Morning', surgiu enquanto esperava a fita das gravações rebobinar. "Eu gosto de usar porque gravador de fita capta a música de maneira bonita. Mas existe, na minha geração, um movimento de buscar coisas antigas, essa cultura vintage. Tenho instrumentos antigos, máquina de escrever, máquina fotográfica analógica e muita roupa de brechó. Para mim, a questão é estética. Se o moderno fosse mais bonito, usaria ele."




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