Internacional Titulo
Coréia do Norte expulsa últimos inspetores da ONU
Por Da AFP
31/12/2002 | 10:14
Compartilhar notícia


A Coréia do Norte expulsou nesta terça-feira os últimos inspetores das Nações Unidas (ONU) encarregados de controlar suas usinas nucleares, tornando desta maneira secretos os preparativos para retomar seu programa nuclear.

Os dois inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), agência da ONU que estava presente na Coréia do Norte há oito anos, chegaram nesta terça-feira a Pequim, um dos poucos aliados de Pyongyang. Os inspetores se negaram a fazer declarações.

A Coréia do Norte, que anunciou no dia 12 de dezembro a retomada de seu programa nuclear congelado em 1994 segundo um acordo com os Estados Unidos, ordenou na sexta-feira passada que a AIEA retirasse seus últimos inspetores do país, uma chinesa e um libanês.

Autoridades da AIEA disseram que iam entregar um informe em uma reunião da agência na próxima segunda-feira. Uma autoridade do governo em Seul disse à agência sul-coreana Yonhap que a partida dos inspetores vai privar a comunidade internacional de informações detalhadas sobre o complexo nuclear de Yongbyon, no norte de Pyongyang.

"Graças aos satélites, seremos capazes de detectar atividades importantes, como a reativação de um reator, mas não haverá nenhum meio de saber concretamente o que acontece ali", destacou.

Pyongyang já tinha desmantelado os equipamentos da AEIA de Yongbyon, visando a retomada das instalações produtoras de plutônio.

A Coréia do Norte diz que deseja produzir eletricidade para compensar a suspensão das remessas de combustível dos Estados Unidos em represália a outro programa nuclear secreto a partir de urânio enriquecido.

Entretanto, Pyongyang deu a entender no domingo passado que pode se retirar do Tratado de não-proliferação nuclear (TNP), que quer limitar a posse de armas atômicas aos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU, Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha e China.

A AIEA avaliou na segunda-feira que uma retirada norte-coreana "seria outro passo inquietante" e um "sério golpe contra a não-proliferação nuclear".

Em Washington, a Casa Blanca advertiu nesta segunda-feira que a continuação do programa nuclear ia custar caro à Coréia do Norte em termos de ajuda.

"O mundo inteiro está pronto para ajudar a Coréia do Norte, mas Pyongyang não vai receber nenhuma ajuda e não terá ajuda até mudar seu atual objetivo", disse um porta-voz do presidente americano George W. Bush.

Entretanto, o dirigente eleito da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun, criticou novamente nesta terça-feira as pressões americanas, pedindo que os interesses de seu país sejam mais levados em consideração.

"Devemos lembrar que um fracasso da política americana para os norte-coreanos seria uma questão de vida ou morte para os sul-coreanos, mas não para os americanos", disse o presidente da Coréia do Sul à imprensa.

O Japão estuda ainda as sanções que poderia impor à Coréia do Norte, entre outras a suspensão do intercâmbio comercial e as transferências de dinheiro, como protesto por seu programa de armamento nuclear, segundo afirmou nesta terça-feira o jornal Yomiuri Shimbun.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;