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Sabesp opera com redução de 33% de funcionários para manutenção
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
06/01/2006 | 08:28
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Há 30 dias a água brota de uma rachadura no asfalto da rua João Marçon, no bairro Assunção, em São Bernardo. “Parece uma torneirinha. Sai água dia e noite, sem parar”, diz a professora Sandra Jau de Tarifa, 50 anos. Esse é apenas um dos cerca de 55 mil pedidos de reparo que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) recebeu no ano passado de moradores da cidade. Mas está mais difícil viabilizar os consertos. Desde novembro, a estatal não conta com reforço de uma empresa terceirizada que era responsável por 30 dos 90 operários que faziam a manutenção da tubulação nas ruas. Os outros 60 são funcionários da Sabesp.

O contrato com a prestadora de serviços venceu e a empresa substituta só deve assumir o serviço em fevereiro. Até lá, problemas como o vazamento da rua João Marçon terão de ser resolvidos exclusivamente pela mão-de-obra direta, que terá de dar conta dos quase 3 mil quilômetros de redes de água e esgoto de São Bernardo. “Sabemos que hoje não estamos conseguindo cumprir os prazos de a-tendimento aos problemas que aparecem e que alguns serviços demoram mais do que deveriam para serem feitos”, admite o engenheiro Pierre Ribeiro de Siqueira, responsável pela divisão da Sabesp que cuida de São Bernardo. Para vazamentos, por exemplo, a meta é resolver o problema em 24 horas.

Mas o prazo faz rir a professora Sandra Tarifa, vizinha do vazamento da rua João Marçon. Ela afirma que denunciou duas vezes à Sabesp, nos últimos 30 dias, o desperdício de água em sua rua. Mas até quinta-feira à tarde o vazamento persistia. “Como educadora, eu ensino meus alunos sobre a importância da água. E isso que está escorrendo pela minha rua é água limpa. É um absurdo. Vai contra todas as campanhas que a própria Sabesp faz para conscientizar as pessoas a economizarem água. Falam para não lavarmos o quintal, não lavarmos o carro, mas eles mesmos não consertam os vazamentos que aparecem e contribuem para o desperdício”, diz a professora.

A meta de qualidade da Sabesp prevê prazo de 20 horas para desobstrução de coletores de esgoto na rua. Para ocorrências desse tipo em domicílio, o prazo cai para 12 horas.

Segundo a Sabesp, o intervalo de três meses entre o vencimento do contrato antigo e o início dos trabalhos da nova prestadora de serviços ocorreu por conta de problemas na licitação pública. O documento teve de ser refeito às pressas pela Sabesp porque não previa algumas peculiaridades de São Bernardo. A lista é grande e inclui aspectos como o asfalto ecológico adotado em bairros formados dentro de mananciais, que em caso de reparo não pode ser substituído por asfalto comum.

Outro acréscimo feito no contrato diz respeito à manutenção da rede coletora de esgoto em fundo de lote privado. Para aumentar a capacidade de coleta, a cidade tem tubulações entre duas casas de uma mesma quadra e não apenas na rua, na extremidade dos quarteirões. Ca-so a modificação não fosse prevista em contrato, a nova empresa tercerizada poderia se negar a trabalhar nessas linhas de rede.

Com a chegada da nova empresa, em fevereiro, a Sabesp espera normalizar o atendimento. Está prometida equipe com 50 novos funcionários – 20 a mais do que o efetivo disponibilizado pela antiga prestadora de serviços. Mas, a equipe de manutenção que totalizará 110 funcionários ainda está muito aquém dos cerca de 300 funcionários que trabalhavam no antigo DAE (Departamento de Água e Esgoto) de São Bernardo, extinto após a Prefeitura transferir os serviços para a Sabesp, numa transação realizada há cerca de dois anos e que envolveu cerca de R$ 700 milhões.

  

Problemas – Só em dezembro, o Diário publicou 12 reportagens relatando casos de vazamento de água e esgoto em São Bernardo. Em algumas situações, os moradores tiveram o fornecimento de água cortado, sendo obrigados a usar a criatividade para manter a rotina durante o racionamento. Em outros casos, o mau cheiro do esgoto – que corria a céu aberto e se tornou foco ideal para proliferação de doenças – foi o vilão.

No Jardim Belita, perto da divisa com Diadema, o gerente de vendas Roberto Zanardi, 61 a-nos, vive um desses dramas. Há 20 dias, água brota da calçada de sua casa, na rua Aliomar Baleeiro. Após dois contatos sem sucesso com a Sabesp para solicitar o reparo da tubulação, Zanardi procurou a ouvidoria da companhia para denunciar o descaso. “Diziam que em dez dias iriam consertar. Na ouvidoria, me disseram dez horas. Os prazos já terminaram e, até agora, nada.”



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