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Cresce participação feminina no volante

Cada vez mais mulheres ocupam cargos em empresas de transporte no Estado de São Paulo

Renan Soares
Especial para o Diário
24/07/2022 | 00:01
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Renan Soares


Até pouco tempo atrás associada ao público masculino, a profissão de motorista de caminhão vai se diversificando. Estudo do IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga) constatou que o número de mulheres atuando no setor de transporte rodoviário de cargas no Estado de São Paulo aumentou 61% em 2021 quando comparado ao ano anterior – os números absolutos não foram divulgados.

Somente no ano passado, foram registradas 13.741 contratações femininas em território paulista, ao lado de 125 mil masculinas. Apenas para o cargo de motorista, as mulheres correspondem a 1,51% e os homens 98,49%, para um total de 70.641 recrutamentos.

Marcia Alves de Oliveira, conhecida como Marcinha, é uma das mulheres que vêm, com paciência, conquistando seu espaço não apenas nos grandes veículos de carga, como também nas redes sociais. Juntando todos os seguidores nas comunidades virtuais, como Instagram, Twitter, Tik Tok e Facebook, ela acumula 230 mil seguidores.

O sonho de ser motorista vem desde pequena. A moradora do Jardim Cláudio, em São Bernardo, convivia na mecânica de seu pai, e descobriu que este era seu sonho naquele ambiente. Marcia conta que a ansiedade para chegar nos 18 anos. “Eu desde criança sempre gostei de carro grande, caminhões. Sempre tive isso comigo, de querer ser motorista. Entrava em um ônibus, em São Bernardo, e ia de um ponto final para o outro, não queria descer mais”, conta Marcia, que trabalha hoje em uma empresa terceirizada da Scania, que realiza transporte de peças automotores.

Marcia iniciou a carreira como motorista de ônibus em Diadema, no ano de 2004. No começo, a primeira dificuldade: conciliar a maternidade com o emprego. Na época, ela conciliava viagens com os cuidados aos filhos, então com 3 a 5 anos. Para piorar, foi assaltada 13 vezes – em uma delas, foi usada como escudo humano pelos assaltantes.

Marcia diz que encontrou inúmeras portas fechadas antes de conseguir um emprego. Com o tempo, porém, foi conquistando seu espaço. No fim de 2018, veio a virada. Agora chamada Marcinha Caminhoneira, começou a publicar seus vídeos, com a ajuda dos passageiros de ônibus, no mesmo momento de crescimento, a empresa em que trabalha atualmente começou a contratar o público feminino. Houve um crescimento simultâneo na carreira de caminhoneira e como influencer. Hoje, Marcia continua a trabalhar na profissão que mais sonhou, e deseja abrir portas para as próximas gerações.

“Que (as mulheres) nunca desistam. Para mim não foi fácil, mas me superei. Luta, vai atrás, tira a carta, faz os cursos que tem, você nunca sabe o amanhã. A gente tem de estar preparado e as empresas valorizam muito isso”, revela Marcia. “Daqui a dez anos me vejo com uma frota de carretas dando oportunidade para as pessoas que não tem experiência, tanto mulher, quanto homens”, completa.




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