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Único mamógrafo do Mário Covas está sem funcionar há uma semana

Paciente com câncer de mama reclama que não consegue realizar exame; atendente do hospital confirma que equipamento está quebrado e Estado nega

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
09/02/2022 | 00:01
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André Henriques/DGABC


O Hospital Estadual Mário Covas, localizado em Santo André, está há pelo menos uma semana sem o mamógrafo, equipamento utilizado para realizar o exame de mamografia. A situação afeta as pacientes que precisam fazer o procedimento de prevenção, para detectar tumores nas mamas, e também para aquelas que já foram diagnosticadas e necessitam acompanhar a evolução ou extinção da doença.

Esse é o caso de Fernanda, (nome fictício), recém-diagnosticada com carcinoma (tumor maligno) na mama esquerda, e precisa dos resultados da mamografia para poder iniciar o tratamento da doença. A paciente tentou atendimento, sem sucesso, na unidade de saúde na última quinta-feira, e até agora não recebeu nenhum retorno do hospital ou previsão de quando poderá realizar o exame.

“Semana passada quando tentei agendar o exame no hospital a atendente informou que não tinha nem previsão para que a máquina fosse consertada. Além de não poder agendar a mamografia, não me encaminharam para nenhum outro hospital, isso porque o meu exame foi solicitado com caráter de urgência”, desabafa a paciente, que recorreu ao departamento de assistência social do hospital e, mesmo assim, não conseguiu suporte.

Procurada por telefone por duas vezes pela equipe de reportagem do Diário, atendente do hospital confirmou que os exames não estão sendo realizados na unidade e que não há previsão de retorno. Mesmo com essas informações, a Secretaria Estadual de Saúde, por meio do Hospital Mário Covas, afirmou, em nota, que “mamógrafo voltou a funcionar normalmente no início desta semana e os pacientes estão sendo convocados conforme a demanda e agendamentos”, finalizou o documento.

PREVENÇÃO

A mamografia é extremamente importante para identificar precocemente o câncer de mama, conforme alerta a ginecologista e obstetra, Ana Paula Tarsitano. A médica ressalta que o tratamento precoce é completamente diferente de quando se faz o diagnóstico mais tardiamente. “As cirurgias nos estágios iniciais, por exemplo, são mais conservadoras, com menor risco de complicações e, principalmente, maiores chances de cura. A mamografia consegue detectar aqueles tumores que ainda não são palpáveis, por isso a recomendação de se realizar periodicamente, mesmo em mulheres sem nenhum sinal ou sintoma do câncer de mama”, observa a ginecologista.

Segundo estudo do CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) no SUS (Sistema Único de Saúde) a oferta média de mamógrafos é de 1,3 aparelho para cada 100 mil habitantes. “Uma realidade que precisa mudar. Um diagnóstico tardio pode desencadear consequências graves. É uma doença que leva a óbito mais 17 mil mulheres todos os anos no Brasil”, analisa Eloísa Amaral da Silva, médica radiologista do Grupo Sabin. 

“Até as pessoas com a rotina mais corrida precisam entender que nada é mais importante do que a atenção à saúde, à observação do corpo e dos sinais que ele pode estar emitindo. Um diagnóstico tardio pode causar danos sérios não só para pacientes, mas também para o sistema de saúde”, alerta.




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