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Falta de políticas para caminhões aumenta riscos
Roney Domingos
Enviado especial ao Rio
28/09/2005 | 08:19
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Especialistas alertam para a falta de políticas públicas voltadas à fiscalização da construção e do tráfego de extra-pesados nas rodovias brasileiras. E denunciam a ausência do Ministério dos Transportes na discussão do assunto junto aos fabricantes e usuários. "O governo é fraco na negociação", afirma o engenheiro aeronáutico João Alexandre Widmer, professor da USP (Universidade de São Paulo) e membro do comitê científico da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino e Transportes.

Para ele, o governo perdeu a oportunidade de regulamentar melhor a questão ao publicar a resolução 164, do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) no ano passado. "A minha visão é de que o Contran não sinalizou bem. Como não conseguiu estabelecer regras, ele disse: façam o que bem entenderem." Outro técnico, o engenheiro e consultor Fernando Mac Dowell, afirma que o governo deve ampliar o processo de discussão, incorporar soluções simples (visto que o país é pobre) e revisar a infra-estrutura das estradas em mini-etapas.

Em sintonia com uma tendência mundial, as estradas brasileiras recebem a cada dia caminhões mais pesados, compridos e altos, com volume maior de carga e – apesar do avanço da tecnologia –, nem sempre construídos com o nível de segurança adequado à segurança dos veículos menores que trafegam na pista ao lado. Pela malha rodoviária já circulam 50 mil conjuntos cabine-carroceria com mais de cinco eixos e peso de até 74 toneladas e 25 metros. Lentidão no tráfego, invasão da pista contrária, colisões traseiras e laterais, além de deterioramento do piso e de pontes são alguns dos efeitos visíveis da presença desses gigantes em pistas pouco apropriadas.

"Os caminhões são mais pesados, têm maior capacidade de carga, mas podem ser construídos de uma forma segura se as regras forem adequadas. As regras, no meu entender, não são adequadas a se conseguir o caminhão mais pesado e mais seguro. Ao liberar veículo que dá ao transportador uma vantagem econômica, você em contrapartida exige dos fabricantes um veículo mais seguro. Ele ganha com um caminhão competitivo e nós sociedade brasileira ganhamos com mais seguro", afirma Widmer.

As críticas de Mac Dowel e Widmer foram feitas durante o 4º Congresso Brasileiro de Concessão de Rodovias, no Rio de Janeiro. Presente à palestra, o secretário nacional de política de Transportes do Ministério dos Transportes, José Augusto Valente disse que o governo propõe o autocontrole desse mercado e que já alertou o Contran sobre as falhas na resolução 164. Também manifestou interesse em retomar o diálogo sobre a certificação dos veículos extra-pesados.




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