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Wagner Tiso comemora 35 anos de carreira
Do Diário do Grande ABC
12/04/1999 | 15:08
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O maestro e compositor Wagner Tiso conseguiu realizar mais do que sonhava quando chegou ao Rio, há 35 anos, para tentar uma carreira como músico. Por isso, ele comemora a data com o Rio Cello Ensemble, tocando Heitor Villa-Lobos e Tom Jobim, no Teatro Leblon, nesta terça e quarta-feira abrindo a série Grandes Encontros/em>. "Eu queria ser o Tom ou o Villa, compor músicas tao perfeitas como eles", explica Tiso. "Como nao consegui, toco suas músicas", declarou

Há alguns anos, ele visita as músicas dos dois compositores brasileiros mais consagrados e neste show o repertório será de cançoes. De Villa-Lobos tem Caicó, Trenzinho Caipira, Modinha, algumas cançoes feitas para o balé Floresta Amazônica e uma fantasia que ele compôs sobre o Choro n.º 10. Tom entrará com Eu Sei Que Vou te Amar, Chora Coraçao. "Pode haver ainda um pot-pourri das mais famosas se der tempo de fazer o arranjo", explica o maestro.

Se nao fosse a iniciativa do violonista Marco Pereira de realizar uma série de shows em que músicos consagrados homenageiam compositores brasileiros, talvez Wagner Tiso nem comemorasse seus 35 anos de carreira. Nao que faltem motivos, pois ele considera que o melhor de tudo que fez foi exatamente ter vindo para o Rio, depois de passar a adolescência tocando em bailes pelo interior de Minas em conjuntos cujo crooner, invariavelmente, era Milton Nascimento.

"Quando cheguei aqui, em 1964, queria acompanhar grandes cantores como Agostinho dos Santos, Cauby Peixoto e Ivon Cury e isso ocorreu no primeiro ano", lembra ele. "O que veio depois é lucro e nao foi calculado". No balanço de sua carreira nacional, ele só lamenta a falta de tempo e dinheiro para estudar mais. "Tudo que aprendi foi no caminho", resume o maestro, numa frase que caberia bem numa letra de bolero ou samba-cançao.

A comemoraçao coincide com uma volta ao início: Wagner fez os arranjos e a direçao musical do disco Crooner, de Milton Nascimento, com músicas dos bailes do início dos anos 60. Os dois nao trabalhavam juntos desde meados dos anos 80. "Milton sabia que só eu poderia fazer esses arranjos, iguais aos que tocávamos em Alfenas, Três Pontas (cidades do sul de Minas) e mesmo em Belo Horizonte", lembra Tiso. "Procuramos relembrar as músicas daquela época e o disco, é claro, é também dançante".

Nesses quase 15 anos, os dois se distanciaram. Milton tornou-se cada vez mais pop e Wagner se voltou para a música erudita. Compôs menos, embora tenha intensificado seu trabalho como arranjador. "O arranjo é parente da composiçao, pois quem faz orquestraçao está criando música nova também", justifica ele. Nesse veio, ele está lançando, em breve, um disco com o Rio Cello Ensemble, com músicas de Debussy e Fauré. Mas Tiso tem muitas gravaçoes inéditas sem previsao de lançamento. "Hoje, as gravadoras nao contratam por um tempo, mas compram projetos que a gente lhes oferece", justifica.




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