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De Málaga para o mundo
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
02/04/2009 | 07:00
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Enquanto a França testemunhou o amadurecimento da obra de Picasso e o próprio advento do cubismo em parceria com Georges Braque (1882-1963), a Espanha reivindica para si os louros de berço e palco das primeiras pinceladas do artista, que já revelava na infância um talento incomum para a sua idade.

Orientado por seu pai, José Ruiz Blasco (1838-1913), Pablo começa a desenhar pombas - o motivo pictórico favorito de dom José - e temas taurinos que remetem às tradicionais touradas espanholas.

A casa onde o futuro vanguardista da pintura passou os primeiros anos de vida, em Málaga, abriga hoje a Fundação Picasso. Alguns esboços da infância podem ser conferidos no Museu de Belas Artes e no próprio Museu Picasso de Málaga, instalado em um palácio renascentista do século 16.

Acervos semelhantes também são encontrados em Barcelona, onde Pablo cursou a Escola de Belas Artes La Llotja mesmo sem contar com idade mínima para ingressar. Dom José teria insistido para que a academia abrisse um exame de admissão ao filho e Pablo concluiu a prova em um dia, quando o prazo normal era de um mês. O resultado desconcertou a bancada examinadora e sua admissão foi unânime.

Hoje, os amantes das artes plásticas podem acompanhar o amadurecimento do gênio com uma visita ao Museu Picasso de Barcelona, cuja coleção reúne obras do início da carreira do pintor e alguns de seus trabalhos principais, caso da série As Meninas.

As passagens por Madri e Horta de San Joan foram igualmente essenciais na vida de Picasso, que pôde reforçar sua independência pessoal e artística longe da pressão paterna e do convencionalismo acadêmico, retornando a Barcelona ainda mais desafiante e seguro de si mesmo.

Mas foi em Paris, considerada a Meca da Arte, que o jovem Pablo ampliou efetivamente os horizontes de sua pintura sob a influência dos trabalhos de Ingres, Delacroix, Degas, Van Gogh, Toulouse-Lautrec e Gauguin. Também foi na Cidade Luz que suas obras passaram a ser assinadas unicamente com o sobrenome materno: Picasso.

Só depois, o maior ícone da arte do século 20 rendeu-se de vez aos encantos do Sul francês. A obra A Odalisca (1951), por exemplo, teve a badalada Saint-Tropez como fonte de inspiração. Já Vallauris levou Picasso a explorar outras técnicas artísticas, como Vallauris e cerâmica, além de servir de motivo para a aclamada tela Guerra e Paz. A região também o aproximou do cinema: em Cannes, o pintor colabora com Clouzot para a elaboração do longa-metragem O Mistério de Picasso, e em Les Baux de Provence interpreta um pintor no filme O Testamento de Orfeu, de Cocteau.




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