Política Titulo São Bernardo
Rafael Demarchi busca apoio para CPI da Merenda

Vereador precisa de dez assinaturas para iniciar investigação sobre corrupção no governo Morando

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/07/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Vereador e pré-candidato a prefeito de São Bernardo, Rafael Demarchi (PSL) busca apoio para abrir na Câmara investigação sobre o atual chefe do Executivo, Orlando Morando (PSDB), denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por fraude nos contratos para fornecimento de alimentos a escolas e rede de saúde municipal. Para ser protocolada, a CPI da Merenda precisa de, ao menos, dez assinaturas.

“Fiquei impressionado com a quantidade de acusações feitas pelo Ministério Público Federal ao prefeito. São cinco suspeitas de crimes gravíssimos e a Câmara não pode se omitir”, diz Demarchi, citando reportagem do Diário que revelou as denúncias contra Morando na Operação Prato Feito, da Polícia Federal.

Junto com outras 12 pessoas, incluindo o secretário Geraldo Reple Sobrinho (Saúde), o tucano é acusado pela procuradora regional da República Elizabeth Mitiko Kobayashi por peculato (desvio de recursos públicos), crime contra a administração, corrupção, fraude de licitação e organização criminosa – Morando nega todos eles.

A ideia de Demarchi é começar as apurações solicitando os contratos emergenciais assinados por Morando com as empresas Nutrivida Alimentação e Serviços e Pró-Saúde Alimentação Saudável. Investigações da PF apontaram que as duas companhias pertencem ao empresário Fábio Mathias Favaretto, genro do advogado Carlos Maciel, que, à época, era homem forte do prefeito, então secretário de Assuntos Governamentais e presidente da FUABC (Fundação do ABC).

“Relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) deixou claro que não havia necessidade de se recorrer à contratação emergencial”, lembra Demarchi. Parecer do órgão viu com suspeição os negócios entre Prefeitura de São Bernardo e as empresas de Favaretto, apontando “falta de planejamento”, “desídia (desleixo) administrativa” e “má gestão dos recursos públicos”.

Principal voz de oposição na Câmara, o vereador do PSL prevê entraves para a investigação prosseguir. Demarchi insinua, inclusive, a existência de acordo tácito entre governo e antigos adversários políticos, como o PT e o deputado federal Alex Manente (Cidadania), para preservar a imagem de Morando.

“Como você me explica o silêncio ensurdecedor do PT e do grupo do Alex? Por muito menos, no passado, os dois forraram a cidade com a reprodução de denúncias que saiam nos jornais. Agora, as acusações são muito mais graves – incluindo roubo de dinheiro destinado a comprar merenda para crianças – e está todo mundo quieto. Acho muito suspeito”, compara.

Apesar disso, o vereador do PSL pretende procurar as bancadas do PT e do Cidadania, que, juntas, contam com seis nomes, para emplacar a CPI. “Na verdade, todos deveriam assinar, inclusive os da situação. Porque, como bem disse outro dia o governador (João) Doria, ao ser questionado sobre as denúncias contra o prefeito Orlando, quem não deve, não teme”, cita Demarchi.

Um dos mais ferrenhos adversários de Morando, Alex se aproximou do prefeito nos últimos tempos e comentários de bastidores dão conta de que vai abrir mão da candidatura ao Executivo no pleito de novembro para apoiar a reeleição do tucano. O PT mantém a pré-candidatura de Luiz Marinho, que já governou o município por dois mandatos, de 2009 a 2016.

Regimento da Câmara de São Bernardo diz que, para ser analisado em plenário, requerimento de CPI precisa do apoio de um terço dos 28 vereadores, ou seja, dez. Para furar a fila de propostas e ser apreciada de imediato são necessárias 15 rubricas. 




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