O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desembolsou R$ 72,6 bilhões entre janeiro e julho, queda de 3% em relação ao mesmo período de 2009. Esse resultado leva em conta também operações de mercado. Contabilizando apenas os financiamentos, a retração foi de 2%.

O presidente do banco, Luciano Coutinho, atribuiu a queda de 2% nos desembolsos ao empréstimo especial de R$ 25 bilhões concedido à Petrobras em junho do ano passado. O setor que mais recebeu recursos foi o de infraestrutura, com R$ 28,2 bilhões, ou 39% do total. A indústria ficou com R$ 23,8 bilhões, 33% do total. No acumulado de 12 meses, o desembolso do BNDES ficou em R$ 134,9 bilhões, crescimento de 12% em relação ao mesmo período anterior.

Sem o efeito do empréstimo bilionário à estatal, os R$ 72,7 bilhões liberados pelo banco nos sete primeiros meses representaram expansão de 48% em relação ao mesmo período de 2009. A maior elevação foi na indústria (72%), com R$ 35,9 bilhões, mas o setor de infraestrutura ficou com a maior parcela dos recursos, 37,1 bilhões, alta de 43%.

Coutinho defendeu o empréstimo à Petrobras como uma forma de manter o plano de investimentos da estatal num ambiente de escassez de crédito. "Naquele momento, a discussão era se a economia iria cair 3% ou 5%. E nós dizíamos que era possível mitigar a queda no investimento para evitar isso."

Segundo Coutinho, a manutenção dos aportes da Petrobras foi "alavanca importante" para a recuperação da taxa de investimento na economia, que caiu para 16,7% do PIB em 2008 e deve fechar o ano perto de 19%.

Para Coutinho, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com juros subsidiados para bens de capital, também teve papel importante para minimizar os impactos da crise na economia brasileira.