Só quem viveu o ambiente da Seleção Brasileira entende o tamanho da responsabilidade às vésperas de uma Copa do Mundo. O ex-lateral-direito Edson Boaro, o Abobrão, técnico do Mauaense, é um dos personagens que tiveram o orgulho de vestir a amarelinha no Mundial. Foi justamente em 1986, logo depois da geração arte que fracassou na Copa de 1982. Defensor do futebol bonito, é mais um que sente falta de criatividade na Seleção Brasileira.

"Sou adepto do futebol bem jogado. Dá para ajustar uma equipe ao ponto de ter qualidade e ser vencedora. O Santos no Campeonato Paulista foi exemplo disso", lembrou.

Abobrão conhece o assunto. Quando chegou à Seleção, havia questionamentos sobre a eficiência do futebol-arte. O técnico Telê Santana era contestado por abusar de jogadores criativos e o Brasil via o fim de uma das suas melhores gerações. "Não foi fácil. Zico, Falcão, Sócrates, entre outros, estavam marcados pela perda do título em 1982. A discussão era se valia a pena jogar bonito e ficar pelo caminho. Acho que perder na Espanha foi uma das piores coisas que aconteceram ao futebol. Foi o fim do estilo que encantava", contou.

Abobrão jogou pouco em 1986. Uma distensão na perna direita tirou o ex-lateral de combate na segunda rodada, diante da Argélia. "Foi acidente de trabalho. Nunca tirei o pé de dividida, não tinha medo de me machucar. Aconteceu, não tive o que fazer", lamentou o treinador, que confia no sexto título brasileiro, mas aponta a Argentina como uma das favoritas. "Temos um time que joga pelo resultado e pode conseguir. Gosto de ver o futebol da Argentina que é uma grande força nesta Copa."