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Avança acordo entre Quattor e Braskem
26/10/2009 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Em meio ao avanço das negociações que podem resultar na incorporação da Quattor pela concorrente Braskem, a direção da companhia decidiu manter inalterados seus planos estratégicos. Uma das frentes de trabalho, que está próxima de ser concluída, é a formalização do novo acordo de fornecimento de nafta da Petrobras para a Quattor. "Temos acordo firmado, mas ainda estamos ultimando o conteúdo", revelou o presidente da companhia, Vítor Mallmann, sem dar detalhes sobre o acerto.

A empresa também dá continuidade ao trabalho de captura de sinergias originárias da própria criação da Quattor, estuda em quais países poderá instalar escritórios comerciais e, entre outros temas, analisa o possível aumento de demanda por resinas termoplásticas com a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014.

"A missão que me foi dada foi agregar valor a esse conjunto de ativos e continuo perseguindo isso. Essa é a visão que nós temos na Quattor", disse o executivo, recusando-se a comentar o andamento das negociações entre os controladores de Braskem e Quattor.

De acordo com uma pessoa envolvida nessas conversas, os principais defensores da união entre as duas empresas são Petrobras e Unipar, controladores da Quattor. A companhia, apesar de dar andamento à atividade de todas as áreas, sente os efeitos do custoso processo que foi a formação da Quattor.

Criada às vésperas do momento mais adverso da crise econômica, a Quattor precisa reduzir seu nível de alavancagem para manter trajetória de crescimento. Neste momento, segundo Mallmann, não há previsão de novas ampliações de oferta ao longo dos próximos cinco anos. "No nosso horizonte hoje não vemos necessidade de ampliação de capacidade para atender nossos mercados", afirmou o executivo, lembrando que a empresa deve concluir até o próximo mês plano de investimentos que movimentou R$ 2,4 bilhões.

A ausência de novos projetos estaria ligada ao atual nível de endividamento da empresa, alertou analista que acompanha o setor e preferiu não ser identificado. Essa ausência em um período de aumento de oferta de produtos petroquímicos principalmente no Oriente Médio, lembra o analista, sinaliza que a Quattor "perdeu espaço" e, por isso, a incorporação pela Braskem seria a alternativa mais atrativa.

EXPORTAÇÕES - Menos de um ano e meio após ser formada a partir da fusão de ativos petroquímicos da Unipar e da Petrobras, a Quattor dá seu primeiro passo no mercado externo. A segunda maior petroquímica do Brasil inaugurou no mês passado seu primeiro escritório em solo estrangeiro, em Buenos Aires.

O objetivo é aproveitar o aumento da oferta de produtos petroquímicos, fruto da conclusão do plano de crescimento da companhia, para ganhar espaço na América do Sul. "Nosso primeiro passo é nos tornarmos players onde já temos fornecimento estável", destacou o presidente da companhia, Vítor Mallmann. Além do escritório argentino, a Quattor iniciou trabalhos com vendedores locais no Chile e Peru.

Outro mercado que tem se mostrado atrativo para a empresa é a China, país que sofre dificuldades de abastecimento devido ao atraso do início de operações de algumas centrais petroquímicas no Oriente Médio. Impulsionada pela demanda asiática e sul-americana, a Quattor ampliou suas exportações entre janeiro e setembro em 80% na comparação com o mesmo período do ano.

Mallmann destaca que a demanda no mercado interno também apresenta sinais de recuperação, impulsionada principalmente por setores como as indústrias automotiva e de eletrodomésticos, além da construção civil. "O Brasil está sendo um destaque em termos de recuperação na atividade econômica no cenário internacional. Acho que as medidas anticíclicas deram resultado importante (para a economia) e puxaram a demanda por nossos produtos." As vendas domésticas de resina da empresa cresceram 16% sobre igual período do ano passado.

O aumento das vendas desses setores deve impulsionar principalmente o consumo do polipropileno, segmento que sentiu mais fortemente o impacto negativo da crise econômica. Mallmann lembra que cerca de um terço da demanda por polipropileno está associada a setores que dependem da disponibilidade de linhas de crédito - caso dos mercados beneficiados por medidas de desoneração fiscal do governo.

No caso do polietileno, por outro lado, a retração foi menos expressiva porque a resina é utilizada principalmente em setores como o de embalagens para alimentos, menos suscetível a fortes oscilações.

Diante da previsão de retomada da economia e do aumento do consumo de resinas no País, que em breve também sentirá os efeitos das preparações para a Copa do Mundo em 2014, Mallmann acredita que o preço deste produto deve continuar acompanhando as cotações do petróleo.




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