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Clima esquenta entre Marta e Mercadante
06/05/2006 | 00:41
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Às vésperas da eleição interna do PT, marcada para domingo, que escolherá o candidato do partido ao governo de São Paulo, esquentou o clima entre Marta Suplicy e Aloizio Mercadante, que sexta-feira deixaram de lado a política da boa vizinhança e trocaram acusações.

A ex-prefeita foi a primeira a elevar o tom. Durante discurso em São Bernardo do Campo para militantes da sigla, disse que a candidatura de Mercadante enfraqueceria uma das principais armas do PT na campanha contra o tucano José Serra – até agora o favorito absoluto nas pesquisas sobre a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

“Alguém não cumpriu o compromisso (de não abandonar a Prefeitura de São Paulo antes do fim do mandato) e foi embora depois de um ano. Isso é muito forte para a população. Isso eu vou poder usar. Agora, me expliquem como o Mercadante vai fazer isso?”, questionou Marta.

Para ela, Mercadante pode enfrentar problemas ao fazer a mesma cobrança, pois também terá abandonado seu cargo de senador na metade do mandato. “Isso vai nos impedir de colocar (durante a campanha) um argumento forte que é sobre a credibilidade (do adversário). Esse instrumento não podemos perder porque pode ser decisivo.” Marta ponderou, no entanto, que, pessoalmente, não considera a situação a mesma e reconhece o direito do adversário de pleitear o cargo. “Não é a mesma situação, ele não assinou documento.”

Ao ser informado das declarações da ex-prefeita, Mercadante, que até então vinha se esquivando do embate direto, não deixou por menos. “Lamento as declarações totalmente improcedentes da prefeita. Fiz toda uma campanha sem críticas. Não porque não as tenha, mas sim porque penso que elas não contribuem para a unidade do partido”, rebateu.

O senador argumentou que jamais Serra foi questionado por ter deixado o posto, mas, sim, por ter prometido não abandonar a prefeitura antes do fim do mandato. “Ele quebrou a palavra”, afirmou.

Sobre o fato de um parlamentar almejar a disputa ao governo, lembrou que, na história recente de São Paulo, todos os senadores disputaram cargos executivos ao longo do mandato. Ele citou como exemplo o governador Mário Covas (falecido em 2001), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Romeu Tuma e até o ex-marido de Marta, Eduardo Suplicy.

No último dia útil antes da prévia, os dois pré-candidatos aproveitaram para intensificar suas atividades de campanha na Grande São Paulo – área que concentra 30% dos filiados petistas e que deve ser o fiel da balança na disputa. Para os aliados de Marta, sua candidatura deve ter melhor desempenho na Capital, mas apresentará um resultado mais difícil nas cidades do interior do Estado.

Nos demais municípios da Grande São Paulo, ambos os candidatos acreditam que haverá um equilíbrio. Por outro lado, existirão casos pontuais, como o de Osasco – onde o apoio declarado do prefeito Emídio de Souza e do deputado federal João Paulo Cunha à candidatura de Mercadante o colocará em grande vantagem em relação a Marta. Os dois adversários devem participar de uma disputa apertada, segundo avaliação das coordenações de campanha.

A prévia paulista é a única a ser realizada neste ano. Em São Paulo, 192 mil filiados estão aptos a votar, mas a expectativa é de que 80 mil pessoas compareçam aos 661 locais de votação, em 561 municípios.

Estão habilitados a votar todos os filiados do PT no Estado, inclusive os que tenham as mensalidades atrasadas. A votação acontece das 9h às 17h. Apesar da orientação do partido para que os diretórios dêem início à apuração logo depois do término da votação, o resultado só deve ser conhecido na quarta-feira.




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