Em cinco anos de sucesso nos palcos, a trupe Teatro Mágico já passou por poucas e boas para garantir o seu espaço no panorama cultural brasileiro. "Fizemos apresentações à luz de velas e celulares, quando não havia energia elétrica, e já fomos deixados embaixo de chuva forte, com cenário e figurino, por medo do motorista que nos transportava de que molhássemos a sua van", conta, entre risos, o ator e criador do grupo, Fernando Anitelli. É com o objetivo de relembrar essas histórias e fazer um "resumão" da trajetória do grupo que o Teatro Mágico comemora o seu aniversário, neste sábado, no palco do Morumbi Hall, no lugar onde se sente mais à vontade: perto de seu público.

Com poesias e uma pitada de sarcasmo, a apresentação especial irá recordar momentos divertidos do grupo, como quando a polícia entrou no camarim dos artistas e os acusou de incentivar a pirataria, e mostrará, para quem ainda não viu, a nova fase mais madura da trupe. "O 'Segundo Ato' faz parte da trilogia do Teatro Mágico, que começou com o espetáculo 'Entrada para Raros'", conta Anitelli. "Com cenários pintados em cores pastéis e rosas vermelhas que fazem alusão à essência humana, o novo espetáculo trata de política e filosofia de uma forma mais consistente."

Distanciando-se do universo de sonhos e ideais que marcou a primeira fase do grupo, mas sem contrapô-lo, o novo trabalho procura questionar as relações entre homem e sociedade, levando aos palcos canções que discutem até que ponto somos produtos do meio em que vivemos. Como nas composições "Xanéu Nº 5", que traça um retrato bem-humorado do poder da televisão em nossas vidas, ou em "Cidadão de Papelão", que versa sobre a realidade dos moradores de rua, ignorada pela maioria.

E como todo aniversariante que se preze, o Teatro Mágico está muito ansioso para apagar as cinco velinhas. "Faremos um encontro muito gostoso dos artistas com os nossos fãs, celebrando um ano de muito sucesso", antecipa Anitelli.

Entre brincadeiras e histórias, não é para menos a alegria do palhaço. Só no ano de 2008, a trupe lançou um CD e um DVD de seu novo espetáculo, obteve uma exposição na mídia de invejar até artistas com mais tempo de estrada e foi ungida com o prêmio de Melhor Show Nacional em 2007, pelo guia da Folha de S.Paulo. "E tem o que reclamar?", brinca Anitelli.

É por essas e outras que o grupo tem muito que comemorar neste sábado, sucesso que Anitelli não atribui só ao talento da trupe, mas também à propaganda viral que o seu público tem feito nas ruas e pela internet. "Nós não trazemos novidades aos palcos, só unimos diferentes expressões artísticas em um mesmo espetáculo", conta.

"O que tivemos de diferente, e isso foi muito importante à carreira do Teatro Mágico, foi a propaganda feita pelos nossos fãs". Para se ter uma idéia, antes mesmo do lançamento do último álbum do grupo, todas as canções já estavam disponíveis no site YouTube. "É a realização de nosso lema: ‘pirateiem nosso trabalho de forma saudável'", conta.

Ainda que embalados pelo clima de comemorações, o grupo não deixa de fazer planos para o futuro. "Para o terceiro trabalho, pensamos em continuar, e até mesmo aprofundar, temáticas como sexo, religião, política e ego", antecipa Anitelli. "Além do mais, não deixaremos de misturar timbres e músicas, humanizando as pessoas e criticando a sociedade".

Mas o artista deixa claro que agora não é tempo de pensar em um novo projeto. "Nós acabamos de parir o 'Segundo Ato'. Ainda temos de colher os seus louros", conclui.

Serviço - Teatro Mágico - Hoje, às 17h e às 22h
Morumbi Hall (r. Professor José Leite e Oiticica, 250, Brooklin, tel. 0/xx/11 5505- 6487)
Ingressos: de R$ 20 a R$ 60
14 anos