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Apenas 13% das lâmpadas públicas têm tecnologia LED

Das cerca de 164 mil luminárias do Grande ABC, 21,5 mil contam com sistema econômico e durável

Por Aline Melo
Do Diário da Grande ABC
15/01/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A substituição de lâmpadas de vapor de sódio (luz amarela) e de vapor metálico ou mercúrio (luz branca) por LED (diodo emissor de luz, na sigla em inglês) avança a passos lentos no Grande ABC. Segundo dados informados pelas prefeituras, das 164.863 luminárias da região, apenas 21.576 contam com a tecnologia, mais moderna e durável, o correspondente a cerca de 13%.

Projetos de PPP (parceria público-privada) se arrastam há anos nas administrações municipais sem efetivação dos contratos. Apenas Mauá já tem parceria em curso e é a cidade onde houve maior progresso na substituição. O LED pode ser até 47% mais eficiente do que as lâmpadas que atualmente são utilizadas nas vias públicas, embora sejam até cinco vezes mais caras.

Levantamento realizado pelo Diário em dezembro de 2017 apontou que entre os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá, as lâmpadas de LED correspondiam a 6,66% dos pontos de iluminação. Na ocasião, Ribeirão Pires não informou quantas luminárias contavam com a tecnologia e Diadema e Rio Grande da Serra não responderam.

Em Santo André, o programa Banho de Luz realizou a troca de 4.250 pontos de iluminação na cidade por lâmpadas com tecnologia LED. O município participou da chamada pública procel reluz da Eletrobrás, foi selecionado e está habilitado com projeto de eficiência energética em iluminação pública com esta tecnologia. “Está prevista a modernização com troca de luminárias antigas por LED em 961 pontos, com recursos de aproximadamente R$ 1,3 milhão”, explicou a administração, em nota. O custo médio anual gasto com iluminação pública na cidade de Santo André, incluindo manutenções, pagamentos de consumo e trocas de luminárias, chega a R$ 41 milhões. Nos pontos onde a substituição já foi feita, a economia com consumo de energia chegou a R$ 17 mil ao ano.

São Bernardo não informou quantos pontos de iluminação com LED existem na cidade – no levantamento anterior, foram apontadas seis luminárias com a tecnologia na Avenida Pery Ronchetti, que haviam sido instaladas para testes e ensaios. No momento, a administração tramita projeto para substituição de 17 mil luminárias de vapor de sódio para LED, de um total de 40 mil pontos, aproximadamente, além da implementação de 1.700 braços de iluminação.

São Caetano informou no último levantamento que contava com 11.209 pontos de luz, sendo 376 em LED, distribuídos na Avenida Goiás (164 luminárias), Avenida Presidente Kennedy (86) e Rua Visconde de Inhaúma (126), todas colocadas em 2017, com custo de R$ 334,2 mil. O gasto da administração com a iluminação naquele ano girou em torno de R$ 4,4 milhões. A Prefeitura não respondeu à reportagem se houve aumento no número de luminárias com LED, nem atualizou os gastos com iluminação.

Em Diadema, dos 20 mil pontos de iluminação pública, cerca de 600 contam com a tecnologia. Entre fornecimento de energia elétrica e manutenção da rede de Iluminação Pública, a administração gasta, em média, R$ 1,050 milhão. A Câmara aprovou, em julho de 2017, a contratação de PPP para modernizar todos os pontos de luz da cidade, mas o projeto segue em fase de estudo e sem previsão de sair do papel.

Mauá foi a cidade que mais avançou na modernização e já conta com 16.350 pontos de iluminação por LED no município, mais da metade das 28,2 mil luminárias. Segundo informações da Mauá Luz – SPE, empresa contratada por meio de PPP para modernizar a iluminação pública, a principal melhoria é a redução de consumo, além de existir controle 24 horas sobre cada ponto da cidade.

Ribeirão Pires informou em 2017 que a cidade conta com 14.454 luminárias e que algumas já contam com a tecnologia, mas não precisou quantas. Rio Grande Serra não respondeu.


Eficiência compensa gasto, diz especialista

 O LED pode ser até 47% mais eficiente do que as lâmpadas que atualmente são utilizadas pelas administrações municipais. “É uma tecnologia que evolui 35% a cada ano. Em 2017, tínhamos lâmpadas com capacidade de 90 lúmens (unidade de medida para mensurar o fluxo luminoso) por watt (quantidade de energia consumida). Hoje, já existem equipamentos de até 206 l/w”, explicou o professor de Engenharia Eletrônica do Instituto Mauá de Tecnologia Alessandro de Oliveira Santos.

O tempo médio de duração é de 50 mil até 100 mil horas, enquanto o da lâmpada de vapor de sódio é de 24 mil horas. “Ainda é uma tecnologia cara, que exige investimento inicial maior, mas para contratos de períodos longos, como tem sido as propostas das prefeituras, certamente a durabilidade compensa o custo”, pontuou.

Além de maior durabilidade, eficiência de luminosidade maior, menor atração de insetos – que morrem e soltam líquidos corporais nas luminárias, diminuindo também a transparência e sua vida útil; menor consumo de energia, são as vantagens dos equipamentos de LED. Paga-se mais caro, mas pelo benefício de ter mais qualidade, luz muito semelhante à luz do dia. A economia no consumo de energia alivia a rede e libera energia para outros usos. E mesmo o valor vem caindo cerca de 20% ao ano, ou seja, estão acabando as desculpas para não se fazer a troca”, concluiu.

MAIS ESCURO

Moradores do Parque das Américas, em Mauá, não gostaram da troca que foi feita na iluminação das vias do bairro, há algumas semanas. Segundo os relatos, parte das ruas ficou mais escura. A empresa Mauá Luz – SPE, responsável pela iluminação pública da cidade, informou que as potências utilizadas dentro do município de Mauá estão dentro de normal e parâmetros pré-estabelecidos (120lm/w mínimo).

“A ‘olho-nú’, muitas vezes parece que a iluminação diminuiu, mas não é o caso. A iluminação convencional é baseada em vapor, então ela se espalha pelo ambiente, porém não passa nenhuma precisão para quem passa por ela, já a de LED, o foco da luz é direcionado, por isso ele não se espalha, e a precisão é extremamente alta”, explicou em nota.  




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